Folha de S. Paulo


Nova regra do vôlei reduz tempo dos jogos, mas irrita técnicos e atletas

"Horrível". "Não vale a pena". "Estamos perdendo muito". "O jogo piorou".

Estas são avaliações de alguns dos principais técnicos e jogadores de vôlei sobre a nova pontuação da Superliga, que nesta temporada passou a definir sets em 21 pontos, em vez dos 25 usuais –o quinto set, até 15, é igual.

Três meses após a criação da nova contagem, levantamento feito a pedido da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) mostra que, em média, jogos da Superliga masculina tiveram redução de 27 minutos, e da feminina, de 17.

De acordo com o superintendente técnico da CBV, Renato D'Ávila, a FIVB (Federação Internacional de Vôlei) esperava partidas mais curtas com a mudança.

"A proposta é de redução do tempo total e isto está sendo alcançado. Por isso vamos levar o teste até o fim", disse.

D'Ávila afirmou que a redução foi pedida pela comissão de TV da FIVB, pois os jogos superavam as duas horas de duração, além do tempo considerado adequado para uma transmissão televisiva.

O estudo, ao qual a Folha teve acesso, mostra que na temporada passada, com sets até 25 pontos, os homens jogaram 24 das 44 primeiras partidas da Superliga em mais de duas horas. Neste ano, em período idêntico, foram só sete acima do tempo.

Entre as mulheres, a redução foi menor. Das 41 primeiras partidas, 14 passaram das duas horas na última temporada, contra 11 neste ano.

"Diminuiu 17 minutos, mas não passou em TV aberta, que era o que tinham nos colocado no começo. Então, sinceramente, não vale a pena", afirmou Sheilla, oposta da seleção e capitã do Osasco.

Segundo a CBV, o acordo com a TV Globo é de transmissão de oito jogos –finais da Copa do Brasil (em janeiro) e semifinais e finais da Superliga (em abril).

Alexandre Arruda/Divulgação/CBV
Sheilla ataca durante jogo
Sheilla ataca durante jogo

RECLAMAÇÕES

Central do Canoas e presidente da comissão dos atletas, Gustavo Endres destaca os mesmos pontos negativos citados por Sheilla: a ausência na TV aberta, a reclamação dos torcedores sobre os jogos mais curtos e os patrocinadores insatisfeitos com menos exposição. "Todos estamos perdendo muito", disse.

Em nota, a Globo disse que não define as regras. Já a CBV afirmou que se trata de um teste e que não está definido se o sistema será mantido para a próxima temporada.

Treinador da seleção feminina e da equipe de Campinas, José Roberto Guimarães pede que a regra dos 25 pontos seja retomada logo.

"Estou muito preocupado com os 21 pontos. Me sinto no meio de um minijogo. É horrível. Espero que as pessoas com bom senso no vôlei mundial não deixem passar esse verdadeiro absurdo", ataca Zé Roberto.

Luizomar de Moura, técnico do Osasco, concorda.

"Podem diminuir as paradas técnicas, ter mais enxugadores na quadra e outros mecanismos. O jogo piorou. Mas nunca tivemos poder de veto", afirma o treinador.

Um relatório será enviado à FIVB no final da Superliga. Se depender da opinião de quem está dentro de quadra, com muitas reclamações.

Editoria de Arte/Folhapress

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