Folha de S. Paulo


Ganhamos o Mundial de 1963 graças também à chuva no Maracanã, brinca Zito

Zito, 81, o capitão da geração de ouro do Santos, chega à Vila Belmiro acompanhado de Pepe, seu fiel amigo desde antes dos tempos áureos de Santos. A convite da Folha, ele retorna ao estádio do Santos para relembrar o bicampeonato mundial em 1963.

Mas Zito é cuidadoso, assim como na época de jogador, e avisa: "Eu só joguei o primeiro jogo, na Itália, quando perdemos por 4 a 2 do Milan".

"Mas nos ajudou a conquistar aquele título mesmo fora de campo", completa Pepe, sem deixar o velho companheiro diminuir sua importância naquele período.

De fato, uma distensão muscular tirou Zito dos dois jogos no Maracanã que terminaram com vitória do Santos por 4 a 2 e depois 1 a 0, placar que assegurou o título.

Mas seus companheiros enaltecem a participação que o capitão teve naquela conquista mesmo do lado de fora do gramado. Na entrevistas feitas pela reportagem, Zito foi citado como um verdadeiro líder pelos oito remanescentes do bicampeonato mundial: Coutinho, Dalmo, Dorval, Geraldino, Lima, Mengálvio, Pelé e Pepe.

MAIS BICAMPEÕES

Mesmo sem poder jogar, Zito viajou com a delegação alvinegra 15 dias antes do segundo jogo da decisão, treinou e se concentrou com os companheiros.

Ainda incentivou seu substituto: o lateral direito Ismael. Assim como os substitutos de Geraldino, Calvet e Pelé, que machucados ficaram fora da partida, e que deram lugar a Dalmo, Haroldo e Almir, respectivamente.

Zito, que também contou com a ajuda de Pepe para relembrar aquele título, citou um protagonista para o bicampeonato mundial: a chuva que assombrou o Maracanã durante o intervalo e o segundo tempo da segunda partida contra o Milan.

Acompanhe a entrevista do ex-volante, como parte da série de textos sobre o bicampeonato mundial de 1963.

*

Folha - Qual é a maior lembrança que o senhor tem do bicampeonato mundial?
Zito - A mesma lembrança relatada pelo Pepe para você, mas eu não joguei no Maracanã. Atuei somente na Itália. No Maracanã, estava vendo, torcendo. Lembro que não tinha condições de jogo por causa da chuva. Mas foi um grande jogo. Aliás, foi um grande jogo do Pepe. Praticamente sozinho conseguiu fazer os gols que precisávamos.

A chuva prejudicou tanto assim o Maracanã?
É preciso sim falar da chuva que caiu no segundo jogo porque ela nos ajudou. Por sorte ela apareceu. O Pepe era um jogador lameiro, como a gente brincava, porque na chuva ele ganhava de todos. Isso foi bom para o Santos. Eles venciam por 2 a 0, e o Santos virou para 4 a 2. Ganhamos através desse temporal que caiu.

Apesar de não jogar, imagino que o senhor ajudou o time do lado de fora, não?
De fora, eu ficava cutucando eles, dando força para eles ganharem o título. Eu fiquei mais incentivando, dando apoio. Eu e o pessoal da reserva. Foi quase todo mundo para aquela viagem ao Rio. Tivemos esse papel. Nosso time era muito forte. [O técnico] Lula era muito esperto. Jogamos sem meio time e mesmo assim nosso time estava forte.

No dia dos jogos no Rio você estava no campo?
Eu não fiquei nem no banco. Fiquei fora, na arquibancada. Não podia entrar no campo. Só pude torcer e vibrar.

Do jogo na Itália tem alguma recordação?
Tivemos uma lição deles lá. Perdemos feio. Pegamos o que eles fizeram na Itália e aqui demos troco. A conversa foi essa. Tínhamos de dar um jeito de ganhar.

Passados 50 anos daquele título você ainda tem saudade?
Dá saudade de tudo. Das brincadeiras nos treinos e nas viagens, dos grandes jogos. Até hoje não surgiu um time como aquele do Santos.

Editoria de Arte/Folhapress
Infográfico mostra como estão hoje jogadores que conquistaram o título do Mundial de Clubes em 1963
Infográfico mostra como estão hoje jogadores que conquistaram o título do Mundial de Clubes em 1963

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