Folha de S. Paulo


Opinião do Juca: Corinthians perde o melhor treinador de sua história

O Corinthians regrediu.

Se fez um mau Brasileirão, e fez, não renovar com Tite é um retrocesso que o iguala novamente aos seus rivais.

Perdeu o melhor técnico de sua história, o profissional que, por insistência da gestão anterior, deu uma volta por cima tão por cima que ganhou, em curtíssimo período, tudo o que poderia ter ganho: campeonato estadual, nacional, continental e mundial.

É claro que Tite cometeu erros, seja ao não se opor à vinda de Alexandre Pato, seja ao indicar Ibson, ou ao não planejar as reposições adequadas para Danilo e Emerson. Mesmo Renato Augusto, célebre por sua fragilidade física, foi aposta de risco que deu errado.

Mas teria como se opor a Pato, quando o clube via nele a possibilidade de reeditar o sucesso de Ronaldo Fenômeno?

Sereno e transparente, mal ou bem, mesmo neste ano que termina frustrante, sob seu comando o Corinthians ganhou o Paulistinha e derrotou seu atual maior rival na Recopa Sul-Americana.

É pouco?

Sim, pode ser, para um, afinal, campeão mundial. Mas quem, em São Paulo, conseguiu mais?

Tite não tem culpa pela morte do jovem torcedor em Oruro, na Bolívia, e comportou-se belissimamente no episódio.

Tite não tem culpa pela arbitragem bandida de Carlos Amarilla e também soube se conter, quando qualquer extravagância seria compreensível.

E não há ninguém melhor que ele no mercado nacional para substituí-lo.

Para seu lugar virá Mano Menezes, de bons serviços prestados ao clube, fundamentalmente ao comandar uma conquista de Copa do Brasil. Porque reconduzir o Corinthians à Série A era obrigatório.

Só haveria uma maneira adequada para Tite sair do Corinthians: pela porta da frente, nos braços da Fiel.

Elogios e gratidão não bastam e, se havia alguém que não merecia ser fritado, era ele.

Em resumo, Tite deixa o Corinthians e entra em sua história como alguém maior que seus chefes.

Chefes que não devem se surpreender se, em breve, ouvirem as arquibancadas pedindo Tite em coro.

Era ele, e ninguém melhor que ele, o cara para reformular o que precisa ser reformulado no elenco corintiano.


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