Folha de S. Paulo


Em súmulas, árbitros ignoram manifestação do Bom Senso no Campeonato Brasileiro

Apesar da paralisação inicial de todos os jogos da 34ª rodada do Brasileiro na quarta-feira (13), o protesto organizado pelo Bom Senso F.C. não consta nas súmulas eletrônicas das partidas, redigidas pelos árbitros e disponíveis no site da CBF.

Após o apito inicial, todos os atletas cruzaram os braços ou só ficaram trocando passes de um campo de defesa para o outro.

O gesto coletivo foi convocado pelo Bom Senso F.C., grupo que conta com a adesão de mais de mil jogadores, em sinal de repúdio ao calendário do futebol apresentado pela CBF para 2015. Nenhum relato sobre a manifestação apareceu nas súmulas.

Léo Barrilari/Folhapress
Protesto de jogadores do Bom Senso antes da partida entre São Paulo e Flamengo, em Itu
Protesto de jogadores do Bom Senso antes da partida entre São Paulo e Flamengo, em Itu

O primeiro duelo em que se pôde ver qual seria a ação dos jogadores foi entre Grêmio e Vasco, às 19h30. Contudo, a súmula do árbitro Francisco Carlos Nascimento não menciona o protesto, apenas a realização de um minuto de silêncio pela tragédia das Filipinas --em que mais de 2 mil pessoas morreram após a passagem do tufão Haiyan.

Já na descrição de São Paulo x Flamengo, o juiz só faz referência à paralisação de cinco minutos por conta de uma falha no sistema de irrigação do estádio. Antes do jogo, o árbitro Alício Pena Júnior bateu boca com Rogério Ceni e, segundo relatos dos jogadores rubro-negros, ameaçou dar cartão amarelo para todos os atletas se ficassem parados após o início do confronto.

Em protesto à ameaça do árbitro, as duas equipes ficaram apenas tocando passes por 58 segundos, sem correr, e só começaram realmente o jogo quando a bola chegou ao goleiro são-paulino.

ONDA DE PROTESTOS

Essa foi a segunda e a mais forte manifestação dos jogadores dentro de campo -a primeira foi realizada na 30ª rodada, em meados de outubro, com um abraço coletivo de jogadores da Série A.

Os atletas pleiteiam que a CBF reduza o número de jogos da temporada.

O Bom Senso entende que não está sendo bem compreendido pela entidade e, por isso, decidiu realizar um protesto mais forte.

A Folha apurou que o protesto desta quarta-feira vem sendo discutido há algumas semanas. No entanto, àquela altura, Dida, goleiro do Grêmio e um dos principais líderes do Bom Senso, ponderou que essa manifestação seria um choque excessivo no embate com a CBF. O grupo decidiu, então, cancelar o protesto.

Mas o goleiro veterano mudou de ideia nos últimos dias.


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