Folha de S. Paulo


Angela Park diz que abandonou o golfe por curiosidade e fala da volta rumo à Rio-2016

"Oi" e "obrigado". Com estas duas únicas palavras em português a golfista Angela Park, 25, melhor brasileira da história da modalidade, abriu e encerrou a entrevista por e-mail que concedeu à Folha.

Três anos após desistir da carreira e avessa ao contato com a imprensa, ela falou pela primeira vez sobre seu mais recente retorno ao circuito profissional. Desta vez, afirma que está visando a disputa dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

"[Jogar golfe] É basicamente o que eu ainda quero fazer, por isso decidi voltar. Por meu amor ao jogo", escreveu, em inglês, após mais de um mês do contato da Folha.

Luiz Carlos Murauskas - 21.nov.07/Folhapress
Angela Park brinca com protetores de tacos, em São Paulo, em 2007, quando foi considerada a estreante do ano no LPGA
Angela Park brinca com protetores de tacos, em São Paulo, em 2007, quando foi considerada a estreante do ano no LPGA

Angela reside nos Estados Unidos desde os oito anos, quando deixou Foz do Iguaçu junto com os pais, sul-coreanos. Aos nove, diz, já sonhava em ser jogadora.

Aos 19 anos, em 2007, Angela foi eleita a caloura do ano da liga profissional americana, a principal do mundo. Depois, chegou a ser 14ª do ranking mundial. Também conseguiu um vice-campeonato no Aberto dos Estados Unidos em 2007 antes de abandonar a carreira em 2010.

Na época, com mais de US$ 2 milhões (R$ 4,6 milhões) em prêmios acumulados no golfe, a melhor golfista da história do Brasil foi trabalhar como recepcionista em um hotel na Califórnia.

"Há muitas razões mas, para simplificar, eu estava curiosa sobre o mundo fora do golfe".

Nas trocas de e-mails, a golfista também comentou que leu a reportagem da Folha na qual o presidente da CBG (Confederação Brasileira de Golfe), Paulo Pacheco, revela que já pediu convite à Federação Internacional da modalidade para o Brasil ter uma representante na chave feminina do torneio olímpico de golfe na Rio-2016.

Hoje o Brasil tem apenas duas profissionais em circuitos profissionais: Victoria Alimonda Lovelady, 26, morando na Colômbia e jogando nos Estados Unidos, e Maria Priscila Iida, 34, no Japão.

Nenhuma das duas, porém, tem pontos no atual ranking mundial da modalidade, um dos critérios para a classificação olímpica. Hoje são mais de 800 golfistas de 46 países na listagem.

Luiz Carlos Murauskas - 21.nov.07/Folhapress
Angela Park durante competição em São Paulo, em 2007
Angela Park durante competição em São Paulo, em 2007

O presidente da CBG afirmou que a maior aposta brasileira para os Jogos do Rio é o retorno de Angela Park ao circuito. Por isso, já havia dito para ela aprender português para agradecer a uma possível medalha em 2016.

Angela confirmou que está tentando melhorar seu português. Ela fala e entende a língua, mas não muito bem, diz.

Na tentativa de retornar ao circuito profissional americano, ela voltou a jogar no fim de agosto passado. Não foi muito bem em campo. Foi eliminada na primeira rodada de um torneio na Califórnia. Em outubro participou de um evento menor no Arizona para voltar a jogar competitivamente. Em 2012, já havia se frustrado em outra tentativa frustrada.

"Tenho grande esperança que serei capaz [de jogar em alto nível]. Quando? Eu não tenho certeza, mas eu estou tentando e vou continuar a me esforçar", afirmou.

Hoje, ela diz que a volta ao golfe é pela "grande honra" de poder disputar a Olimpíada no Rio. Perguntada se em algum momento havia desistido definitivamente de defender o país onde nasceu, responde: "Eu não desisti. Meu objetivo é a Olimpíada de 2016".


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