Folha de S. Paulo


Vettel revela ter sentido 'vazio' ao conquistar o tetra na Índia

Depois da bandeirada, um "vazio". A comemoração, os zerinhos na pista, o agradecimento de joelhos a Heidi, apelido de seu RB-9. Abraços e mais abraços. E só então a ficha caiu. Instantes antes de subir ao pódio na Índia, Sebastian Vettel se deu conta do que acabara de acontecer.

Ao vencer ontem acorrida em Greater Noida, a sexta consecutiva e a décima nesta temporada, tinha acabado de se transformar no mais jovem tetracampeão da história da F-1. E colocado seu nome ao lado de Michael Schumacher, Juan Manuel Fangio e Alain Prost como os maiores vencedores da categoria.

E então veio o choro, compulsivo, na sala que antecede a cerimonia de premiação. Ao seu lado, Nico Rosberg, o segundo no GP indiano, e Romain Grosjean, o terceiro.
Recomposto, pôde então ir para o pódio para ouvir pela 36ª vez em sua carreira o hino alemão, do lugar mais alto.

"Assim que cruzei a linha de chegada me deu um vazio. Este é um daqueles momentos em que há tanto a falar, mas é tão difícil", disse, ainda no pódio. "Tentei por muito tempo pensar em alguma coisa para dizer, mas é difícil".

Editoria de Arte/Folhapress

Com a garrafa de champanhe que acaba de ganhar em uma mão e um celular na outra, para receber os parabéns dos pais e do irmão, entrou na sala de coletivas da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), já mais calmo, mas começando a sentir os efeitos do álcool.

Bochechas vermelhas e rindo muito, começou a tentar explicar o que estava sentindo.

"Quando me ajoelhei na frente do carro estava tentando mostrar meu agradecimento a todos na equipe, que trabalham tão duro. Não sou egoísta e sei que nosso sucesso não se deve só a mim. Os mecânicos trabalham muito e ganham pouco, tenho certeza que seria melhor eles trabalharem no McDonald's, mas eles fazem isso por amor", afirmou Vettel, antes de dar outra golada no champanhe para celebrar também o quarto Mundial de Construtores da Red Bull.

"Dormi pouco esta noite, estava muito nervoso antes da corrida e depois que cruzei a linha de chegada foi estranho, ainda não consigo entender o que fiz. Acho que ainda sou muito novo para colocar as coisas em perspectiva. Talvez quando eu tiver uns 60 anos eu entenda", disse o alemão que se tornou, aos 26 anos, o terceiro piloto a conquistar quatro títulos seguidos. Antes dele, apenas Schumacher e Fangio haviam feito o mesmo.

Apesar de ter chegado à Índia precisando só de um quinto lugar (ou dez pontos) para conquistar o Mundial com três corridas de antecipação, Vettel não relaxou. Foi o mais veloz em todos os treinos livres, cravou a pole e venceu pela terceira vez em três edições no Buddh International Circuit.

Com 322 pontos, não pode mais ser alcançado por Fernando Alonso, que foi o 11º e continua com 207 pontos.

Ontem, pela primeira vez, Vettel viu outros dois pilotos liderarem um GP em solo indiano: Felipe Massa e Mark Webber, mas apenas circunstancialmente, já que sua vitória nunca esteve ameaçada.

"Estou maravilhado, é um dos melhores dias da minha vida. Quando era pequeno a F-1 era um sonho tão distante. Estar aqui, agora, só tenho que agradecer por tudo".


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