Folha de S. Paulo


Minha vida em 2013 foi só tristeza, diz Marcos Assunção

"Minha vida em 2013 foi só tristeza. Caso o tratamento médico que faço agora não dê resultado, essa terá sido minha última tentativa. Vou parar. Não consigo mais fazer o que fiz durante toda a minha vida com 100% de dedicação, que é jogar futebol".

É dessa forma que Marcos Assunção, 37, meio-campista do Santos, desabafa sobre sua atual situação profissional e também sobre a decisão, tomada nesta quinta-feira, de abrir mão de um salário mensal de R$ 200 mil.

A diretoria do Santos informou que a atitude de Assunção em não querer receber seu salário é "louvável", mas que o clube não o atenderá por questões trabalhistas.

Ao ser informado pela Folha de que a diretoria do Santos continuará a pagar seu salário, Assunção disse que pretender recorrer da decisão junto a Odílio Rodrigues Filho, presidente em exercício do Santos.

Robson Ventura-7.jan2013/Folhapress
Assunção chora em entrevista coletiva após sair do Palmeiras
O volante Marcos Assunção chora durante entrevista coletiva, depois de deixar o Palmeiras, em janeiro

"Não é justo receber salário sem ter em condições de jogar pelo Santos. Me sinto até mal com isso", disse Assunção, contratado no começo deste ano, depois de ter jogado no Palmeiras, onde foi considerado um dos melhores jogadores da equipe campeã da Copa do Brasil de 2012.

"Por causa dessa tristeza em não poder jogar e treinar como gostaria, nos últimos meses, deixei até de acompanhar o noticiário esportivo. Não vejo mais internet e nem programas de TV para não ficar pior. Nem mesmo consigo ver aqueles jogos bons que passam na TV. Só tenho assistido mesmo os do Santos", disse Assunção.

Segundo o volante, várias vezes ele entrou em campo para defender o Palmeiras após fazer "infiltrações" no joelho e com dores.

"Nunca fiz corpo mole ou 'dei migué' para não treinar ou para não jogar. Ao contrário, sempre cumpri meus compromissos profissionais", afirmou Assunção.

O meio-campista fez sua mais recente partida pelo Santos em 21 de agosto, na vitória por 1 a 0 contra o Grêmio, pela Copa do Brasil.

"Apesar de sentir muitas dores, estou todos os dias nos treinamentos do Santos, mas muitas pessoas se esquecem que antes do atleta existe um ser humano e fazem comentários maldosos a meu respeito. Não sou e nunca serei um vagabundo", desabafou.

Antes de ser contratado neste ano pelo Santos, Assunção já havia jogado pelo time em outras duas ocasiões: de 1995 a 1997 e de 1998 a 1999. Até hoje, ele fez 121 jogos pelo Santos e marcou 24 gols.

Na segunda-feira, Assunção foi submetido a uma das três sessões de PRP (Plasma rico em plaquetas) a que estão programadas para sua recuperação. O procedimento consiste na retirada de uma certa quantidade de sangue do paciente e que depois é reaplicada na região com problema. No seu caso, no joelho.

"É uma dor muito grande, mas estou enfrentando isso para conseguir voltar a defender o Santos. E ainda tenho de enfrentar os comentários de oportunistas dizendo que não estou me empenhando. Isso é muita injustiça", disse.

Ricardo Nogueira-21.ago.2013/Folhapress
Assunção dá carrinho no gremista Alex Telles, na Vila Belmiro, sua mais recente partida pelo Santos
Assunção dá carrinho no gremista Alex Telles, na Vila Belmiro, sua mais recente partida pelo Santos

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