Folha de S. Paulo


Protetor de cabeça será aposentado no Mundial de pugilismo amador

O protetor de cabeça, equipamento mais associado ao boxe olímpico, será aposentado na edição do Mundial de pugilismo amador, que tem início nesta segunda-feira, no Cazaquistão.

A Aiba (Associação Internacional de Boxe) decidiu que a partir do Mundial, os boxeadores deixarão de usar o capacete nas próximas competições internacionais.

A Folha apurou que o COI (Comitê Olímpico Internacional) está preocupado com a mudança e que enviará um representante a Almaty, para fiscalizar se a mudança não resultará em um banho de sangue e aumento de lesões.

Não existem provas científicas de que o capacete reduz o risco de lesões cerebrais, apesar de evitar os cortes. A retirada do capacete protetor, na prática, integra pacote da Aiba que aproxima o boxe amador do profissional.

Editoria de arte/Folhapress

No passado, havia a reclamação de que boxe amador e o profissional eram praticamente dois esportes diferentes e que o processo de transição para o profissionalismo era difícil para os pugilistas.

O amadorismo era praticamente uma esgrima, onde o simples toque no rival valia pontos e propiciava que um atleta que construísse uma vantagem de pontos, passasse o resto do combate fugindo do combate, somente administrando a sua margem.

Isso mudou agora. Os ringues amadores deixaram de computar os toques e adotaram o sistema de pontuação do boxe profissional, com a valorização da agressividade eficiente e dos golpes fortes.

Um lutador que conseguiu fazer a transição, mas que reclamou da diferença entre as regras amadoras, em vigor até o ano passado, e as profissionais foi o americano Oscar de la Hoya, ouro em Barcelona-92 e que como profissional ganhou vários títulos.

Nem todos tiveram a mesma sorte. O ex-campeão dos pesados Mike Tyson foi barrado da equipe olímpica dos EUA, mas depois se tornou a estrela do profissionalismo.

Além da argumentação técnica, a retirada do capacete é defendida por razões comerciais. Especialistas da área de mídia defendem que é mais emocionante e dramático assistir um duelo com a possibilidade de acompanhar as expressões faciais do atleta e que sem o capacete, torna-se mais fácil decorar seu rosto.

Murad Sezer - 8.ago.2012/Reuters
Julio la Cruz Paraza (esq.), de Cuba, em uma luta contra o brasileiro Yamaguchi Falcão na Olimpíada de Londres
Julio la Cruz Paraza (esq.), de Cuba, em uma luta contra o brasileiro Yamaguchi Falcão na Olimpíada de Londres

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