Folha de S. Paulo


Cuba libera saída de atletas para o exterior e pode beneficiar Brasil

Cuba deu mais um passo em seu processo de abertura esportiva. A partir de 2014, o governo vai permitir que atletas do país assinem contratos com clubes do exterior, recebam bônus por mérito e aumento de salário, o que era proibido há mais de 50 anos.

A política de inovações, que quer reposicionar Cuba na elite do esporte mundial, pode ter reflexo no Brasil.

Já um tradicional porto seguro de técnicos e desertores da ilha caribenha, o país tem intenção de receber mais atletas e técnicos cubanos com vista aos Jogos do Rio-2016.

Em fevereiro desse ano, o ministro Aldo Rebelo (Esporte) firmou um acordo com o governo de Cuba para compartilhar conhecimento.

A ideia é trazer treinadores, e, em casos específicos, atletas. Todos os custos são bancados pela pasta, por meio do orçamento previsto no Plano Brasil Medalhas.

A decisão de ontem vai ao encontro do convênio.

"A vinda de jogadores pode ser mais forte nos esportes coletivos, mas depende de clubes e confederações", disse à Folha Ricardo Leyser, secretário nacional de esporte de alto rendimento.

"Um clube de basquete forte no cenário nacional já nos sondou porque tem interesse em contratar um pivô jovem, trazê-lo e aprimorá-lo."

Denilton Dias/Divulgação/Vipcomm
O ponta Leal, do Cruzeiro, atual vice-campeão da Superliga
O ponta Leal, do Cruzeiro, atual vice-campeão da Superliga

O Brasil tem jogadores cubanos em algumas de suas ligas nacionais, principalmente nas de vôlei e handebol.

O Cruzeiro, atual vice-campeão da Superliga masculina, tem um, o ponta Leal. E acha que a nova regra pode abrir brecha para mais importação.

"Pode acontecer de facilitar para nós, mas a gente só procura um perfil de atleta que não vai encontrar aqui", afirmou Flávio Pereira, diretor da equipe mineira.

Hoje há quatro cubanos na Superliga: três na masculina e uma jogadora na feminina.

Segundo o dirigente, até hoje "todos contratados estavam dentro das regras. Nunca assediamos atleta da seleção deles. Para o vôlei cubano, pode ser a salvação".

Embora significativa, a presença de atletas da ilha no Brasil é menor que a de técnicos. Há dezenas de treinadores à frente de seleções nacionais, contratados recentemente ou há tempos por meio de parcerias com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

E a tendência é aumentar. Segundo Leyser, desde que o acordo bilateral foi firmado, as confederações de atletismo e lutas associadas já comunicaram interesse em novas contratações. "E estamos falando com outras confederações para ver se existem mais interessadas", disse.

MAIS SALÁRIOS

Além da exportação oficial, o governo cubano afirmou que vai dividir melhor os prêmios entre os atletas.

Até hoje, apenas 15% das bonificações em competições eram repartidas com os competidores. Agora, 80% vão para as equipes nacionais.

Foram criadas também seis categorias salariais com base nos resultados, informou o diário oficial "Granma".


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