Folha de S. Paulo


Técnicos ajudarão grupo de atletas a formular calendário do futebol

O movimento "Bom Senso F.C." deverá ser encorpado também com o apoio de comissões técnicas de alguns clubes, cujos membros demonstram insatisfação com o atual calendário do futebol nacional.

O grupo já tem 75 atletas das Séries A e B nacional.

As comissões técnicas de Corinthians, Cruzeiro e Botafogo já foram consultadas por jogadores e aceitaram apoiar o movimento.

Outros treinadores, auxiliares e preparadores físicos dos principais times brasileiros serão procurados para ajudar na elaboração de proposta de mudança no calendário, que será levada à CBF nas próximas semanas.

Um dos argumentos para envolver treinadores e seus auxiliares no protesto é que o atual calendário é prejudicial ao rendimento dos times tecnicamente e fisicamente. Ou seja, atrapalha o trabalho desses profissionais também.

Jogadores alegam que não são apenas eles os afetados com o formato proposto pela CBF, mas todo o espetáculo que envolve o futebol.

Há ainda a opinião de que troca excessiva de técnicos também é culpa do calendário, que não dá tempo para treinos adequados. A proposta do grupo de atletas é mudar o "produto futebol", beneficiando atletas, treinadores e agregados.

"Quem sente na pele é que deve se manifestar. O jogador sofre muito com isso, e todos nós sofremos. Além disso, é inegável que cai o nível da competição. A qualidade do espetáculo é prejudicada com o acúmulo dos jogos", afirmou ontem Oswaldo de Oliveira, treinador do Botafogo, vice-líder da Série A.

PROGRAMAÇÃO

Na reunião que fará em São Paulo, o movimento definirá alguns líderes, que falarão pelo grupo e serão escolhidos para se encontrar com a CBF.

Os pedidos serão divididos em duas frentes. Na primeira, de olho no calendário de 2014, será a exigência dos 30 dias de férias ininterruptos e de pré-temporada maior entre dezembro e janeiro.

O calendário feito pela CBF prevê o início dos Estaduais para 12 de janeiro. Se os jogadores que disputam a Série A deste ano voltarem de férias em 8 de janeiro, como prevê a Lei Pelé, serão somente quatro dias até a estreia.

A Federação Nacional dos Atletas Profissionais do Futebol havia proposto aos capitães dos times da Série A dividir as férias entre o final do ano e o período da Copa, em junho. A ideia foi rejeitada.

Integrantes do movimento, em reservado, criticam o sindicato dos jogadores por não ter atuado para evitar o calendário apertado em 2014.

Mas mudança radical mesmo, o movimento admite que deve ocorrer só a partir da temporada 2015 --o Estatuto do Torcedor veta mudanças em regulamento de competições de um ano para o outro.

"Provavelmente eu vou aproveitar pouco se realmente mudar o calendário. Mas tomara que outras gerações consigam aproveitar, que se tenham melhores partidas e um futebol mais desenvolvido", disse à Folha o meia Alex, 35, do Coritiba e um dos 75 jogadores do movimento.


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