Folha de S. Paulo


Entre os mais beneficiados no Bolsa Atleta, canoagem vive ascensão e tem campeão

Apesar de não ter a mesma popularidade do futebol, não ter ganho tantas medalhas em Olimpíadas quanto a vela e não ser tão tradicional quanto o judô, a canoagem é um dos esportes olímpicos que mais recebem recursos do programa Bolsa Atleta.

E o grande número de competidores com o "patrocínio" tem ajudado a impulsionar o crescimento no país. No início do mês, um brasileiro subiu pela primeira vez ao pódio de uma categoria olímpica em Mundiais.

O baiano Isaquias Queiroz foi bronze na divisão C1 1.000 m do Mundial de Duisburg, na Alemanha. É um exemplo da ascensão recente do esporte, ajudado pela enxurrada de inscritos no Bolsa Atleta.

"Eu tive um irmão que começou a remar antes de mim e precisou parar para trabalhar e ajudar a família. Se não recebesse a bolsa teria que fazer a mesma coisa", diz o canoísta, que também ganhou a medalha de ouro na categoria C1 500 m, que não faz parte do programa olímpico.

Adriano Vizoni-23.ago.13/Folhapress
Isaquias Queiroz treina na raia olimpica da USP
Isaquias Queiroz treina na raia olimpica da USP

Somando os valores que serão recebidos neste ano por todos os esportistas filiados à CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem), canoístas receberão R$ 5,05 milhões em patrocínios individuais do governo federal.

O valor é superior, por exemplo, ao que será distribuído para atletas praticantes de judô (R$ 3,8 milhões) e de vela (R$ 3,1 milhões).

Tanto o judô quanto a vela estão entre os esportes que mais renderam medalhas olímpicas ao Brasil.

Segundo a última lista de atletas contemplados pelo programa, a canoagem só está atrás do atletismo e da natação em quantidade de repasses disponibilizados.

Um dos principais motivos para a boa posição do esporte na lista é o grande número de canoístas que se inscrevem no programa.

O esporte também é o terceiro em número de pedidos do benefício.

A CBCa, no entanto, afirma que não faz qualquer incentivo para que atletas se alistem no Bolsa Atleta.

Segundo a entidade que comanda a canoagem no Brasil, a única orientação aos praticantes é dada através de seus canais de comunicação, que divulgam informações sobre prazos e documentos necessários para inscrição no programa do governo.

Para a CBCa, o que causa o aumento de interessados é a grande quantidade de modalidades e categorias englobadas pela canoagem.

São 11 modalidades no total, das quais três olímpicas (velocidade, slalom e paracanoagem) e oito que não estão no programa dos Jogos Olímpicos (canoagem de onda e rafting, entre outras).

RESULTADOS

Mesmo com os bons resultados de Isaquias Queiroz no Mundial, a canoagem brasileira ainda está em processo de gestação. O país ainda está longe da elite mundial.

O esporte está no programa olímpico desde os Jogos de 1936, em Berlim. No entanto, a primeira participação nacional em Olimpíadas só ocorreu em Barcelona-1992.

Desde então, o Brasil levou canoístas a todas as Olimpíadas, mas eles sempre voltaram de mãos vazias.


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