Folha de S. Paulo


Presidente da CBF é emparedado por Raí e zagueiro corintiano em debate

O presidente da CBF e do COL, José Maria Marin, foi posto contra a parede pelo zagueiro Paulo André e pelo ex-jogador Raí, durante debate do Fórum Nacional do Esporte, em São Paulo.

Numa discussão sobre o papel da CBF no futebol brasileiro, o atleta do Corinthians fez algumas perguntas ao cartola, que fez um longo discurso, mas não as respondeu.

Paulo André perguntou sobre o desnível que há entre o futebol brasileiro e europeu, a luz da goleada sofrida pelo Santos ante o Barcelona (8 a 0).

Marin respondeu: "Se você pega um avião do Rio Grande do Sul ao Amazonas, vamos dizer que leve quatro ou cinco horas, você pode verificar uma mudança de sotaque, mas é o português que nós falamos. Um avião com essa mesma duração na Europa você vai ter o português, o espanhol, o francês, o alemão, o que demonstra a disparidade das distâncias. Então, não podemos fazer o nosso calendário de acordo com o calendário europeu. Temos que nos adaptar 'a nossa grandeza territorial."

O cartola emendou uma longa explanação sobre o sucesso recente da seleção, com alguns erros factuais. Marin disse, por exemplo, que a seleção "não ganhava do México havia dez anos", quando venceu os rivais em outubro de 2011, em amistoso em Torreon. O dirigente citou ainda como o Brasil triunfou na Copa das Confederações sem precisar de ajuda da arbitragem.

Paulo André tentou perguntar sobre o fomento da CBF as categorias de base, sobre a necessidade de grande estádios em cidades como Cuiabá e Natal. Ficou sem respostas objetivas.

Em seguida foi a vez de Raí fazer perguntas ao presidente da CBF. O ex-jogador do São Paulo e da seleção brasileira quis saber a opinião de Marin sobre uma liga de clubes, para organizar o Campeonato Brasileiro sem a participação da CBF. Raí, ao lado de outros ex-atletas como Ana Moser, encabeçam o projeto que prega mais transparência e o fim de reeleições infinitas nas confederações.

"Ninguém é contra a criação da liga", começou o dirigente. "Mas não vejo razão para a criação de uma liga. Se alguém desejar, a gente respeita. A CBF funciona de portas abertas, se liga um presidente clube ou federação, ele será recebido."

Marin emendou ainda um longo discurso sobre as revelações das categorias de base dos clubes do interior de São Paulo. Citou até o japonês Kazuo, que foi revelado pelo XV de Jaú.

O microfone voltou para Paulo André, que prometeu "pegar leve com o senhor, presidente". O corintiano então perguntou a opinião do cartola sobre reeleições de dirigentes de entidades esportivas. Marin se disse a favor.

"Eu acho que entre uma tentativa e aquilo que já foi comprovado que é bom, eu não vou correr o risco. Eu vou ficar com o que já demonstrou que é bom. Ele merece a reeleição. Mas não estou falando disso em meu benefício, porque eu termino meu mandato na CBF e acabou."

Ao fim do debate, o mediador e organizador do evento, João Doria Jr, ainda afagou Marin e atacou Ricardo Teixeira. "A gente sabe que onde o presidente da CBF vai, o debate será mais intenso, e que ele tem mais disposição para o debate do que seu antecessor. Melhora o processo de transparência, que todos nós queremos, mesmo que a CBF seja uma instituição privada."


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