Folha de S. Paulo


Novas arenas terão que se adaptar para evitar violência entre torcidas

Ao mesmo tempo em que proporcionam mais conforto, os novos estádios brasileiros, que seguem o padrão estabelecido pela Fifa, se revelam mais vulneráveis às brigas entre torcedores por não separarem os grupos rivais.

Desde a entrega das sete primeiras arenas, entre dezembro de 2012 e maio de 2013, foram registrados confrontos no Mané Garrincha, em Brasília, na Arena Grêmio, em Porto Alegre, no entorno do Maracanã, no Rio, e da Fonte Nova, em Salvador.

No domingo, corintianos e vascaínos entraram em confronto no Mané Garrincha, que não tem barreiras físicas para dividir as torcidas.

O dilema entre os administradores dos estádios é colocar ou não grades de separação dos torcedores, item vetado pela Fifa nos jogos da Copa do Mundo de 2014.

Se instalarem as barreiras agora, terão que retirá-las para o Mundial e colocá-las novamente após o torneio, acarretando gasto duplo.

É o que evita, por exemplo, o Maracanã, que adotou apenas algumas divisórias para os clássicos entre cariocas.

"Os estádios padrão Fifa geram mais situações de confronto. Se tivessem grades de separação, brigas poderiam ser evitadas", afirma Thales de Oliveira, promotor que trata de ações das organizadas no Ministério Público.

"Eu não levo o meu filho de 6 anos ao estádio que não tem divisão de torcidas", diz.

Estádios mais antigos, como o Morumbi e o Pacaembu, possuem grades para manter distância entre grupos rivais e fossos. Ou alambrados, para separar as pessoas do gramado e dificultar invasões de campo.

As partidas nas novas arenas também têm sido realizadas com torcidas divididas exatamente meio a meio, o que não ocorre mais em São Paulo por sugestão da Polícia Militar e do Ministério Público. "A mistura maior entre rivais provoca mais conflitos", afirma o promotor.

O Itaquerão, estádio de abertura da Copa-2014, em São Paulo, não terá divisória durante o Mundial, atendendo à exigência da Fifa. Mas pode ter barreiras de separação após a competição --há divergência entre diretores do Corinthians, proprietário do estádio, sobre os alambrados.

A Folha apurou que as concessionárias que administram os estádios do Mundial trocam informações sobre como adaptar os estádios após o Mundial por segurança.

O problema não se restringe à adoção de grades. Há preocupação também com as cadeiras, que podem ser quebradas e usadas como arma.


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