Folha de S. Paulo


Corinthians prevê arrecadação de R$ 291 mi anuais com Itaquerão

"A casa do Corinthians choca. Comparada aos estádios que foram usados na Copa das Confederações, é a de maior personalidade, inconfundível", escreveu Juca Kfouri, colunista da Folha.

Publicado na edição de 8 de agosto, o texto levava o título "Estádio Espetacular".

Com outros elogios às instalações do estádio de abertura da Copa de 2014, a coluna provocou a indignação de alguns leitores do jornal.

O advogado Sandro Notaroberto foi um dos criticaram o texto de Kfouri.

Para o leitor, o colunista deveria ter se referido ao fato de o estádio "ter cheiro, sabor e indícios de uma maracutaia financeira escandalosa", em carta no "Painel de Leitor" do dia 14 de agosto.

"É notório o que acho de uso de dinheiro público em construção de estádios. Sou contra", argumenta Kfouri. "Dito isso, não me obrigo a pôr aposto toda vez que eu falar dos estádios da Copa."

O colunista explica que sabe dividir os assuntos e lança mão de comparações.

"Não é porque muitos morreram ao erguer as pirâmides do Egito que hoje lembram disso em toda menção a elas", compara. "O fato de o Frank Sinatra andar em péssima companhia não fazia da voz dele uma voz ruim. Ao contrário, permanecia com uma voz ótima."

O leitor Sandro Notaroberto questionava a informação de Kfouri de que o estádio renderia R$ 200 milhões anuais. "É uma sandice." E ainda escreveu: "Nem ao Corinthians o estádio pertence".

Editoria de Arte/Folhapress

E, AFINAL, QUANTO SERÁ?

A estimativa mais recente de arrecadação do estádio feita pelo Corinthians, na verdade, já supera os R$ 200 milhões anuais citados por Kfouri duas semanas atrás.

O Corinthians projeta obter R$ 291 milhões anuais com o Itaquerão, valor que não inclui a receita de bilheteria. Confirmada, a quantia deverá ser maior que a receita de qualquer outro estádio brasileiro. Um exemplo: os gestores do recém-reformado Maracanã estimam receber R$ 180 milhões por ano.

Para chegar a esse valor, o clube paulistano leva em conta a negociação de "naming rights" do Itaquerão, a venda de áreas comerciais, acordos publicitários e a cessão de cadeiras e camarotes da arena.

Serão 16 "naming rights", que darão nome ao estádio, às áreas de hospitalidade, aos espaços VIP e aos camarotes.

Apenas com esses nomes, o Corinthians estima receber R$ 60 milhões anuais.

Estão previstas também parcerias em segmentos de negócios, publicidade estática, exclusividade no fornecimento de alimentos etc.

PÉ ATRÁS

A arrecadação de R$ 291 milhões anuais, no entanto, é vista com alguma desconfiança por especialistas consultados pela reportagem.

"Pode ser que o clube consiga atingir esse valor, mas vai ter muito trabalho a ser feito. Na minha conta, o ideal é que um estádio que custa R$ 1 bilhão arrecade R$ 200 milhões anuais", diz Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva.

Seguindo esse raciocínio, como o custo do Itaquerão será cerca de R$ 820 milhões, a tendência é que obtenha menos de R$ 200 milhões.

"É uma projeção extremamente otimista. Mas, para o Corinthians, que mostrou ser um clube dos mais preparados, nada é impossível", complementa Somoggi.

Outro especialista observa que as parcerias comerciais, como no caso dos "naming rights", ainda são um caminho pouco trilhado no Brasil.

"O grosso do faturamento dos estádios vem da bilheteria e dos shows. As demais receitas, acessórias, não representam um impacto tão grande", afirma Jorge Hori, consultor do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia.

"Para o estádio do Corinthians, se você usar o cálculo tradicional (tíquete médio vezes número de jogos no ano vezes capacidade do estádio), a arrecadação máxima será de R$ 92,4 milhões. O que já estaria muito bom", afirma.

Não há previsão de shows no campo, pois o Corinthians teme que este tipo de evento estrague o gramado.

E, afinal, o Itaquerão é ou não do Corinthians? Leia neste texto aqui.


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