Folha de S. Paulo


Campeã mundial, Isinbaieva defende lei antigay aprovada na Rússia

Maior nome do salto com vara na atualidade e estrela do esporte na Rússia, Ielena Isinbaieva, que conquistou na quarta-feira o tricampeonato da prova no Mundial de Moscou, defendeu a lei antigay em seu país, que vem causando polêmica no mundo inteiro.

Aprovada pelo presidente russo Vladimir Putin em junho, a lei proíbe a apologia a manifestações homossexuais e fez com que vários países cogitassem boicotar os Jogos de Inverno de Sochi, no próximo ano.

"Se deixarmos que essas coisas sejam promovidas nas ruas, tememos por nosso país porque nos consideramos normais, pessoas comuns", afirmou Isinbaieva, bicampeã olímpica.

"Nós só vivemos com homens e mulheres, mulheres com homens. Nós nunca tivemos problemas na Rússia e não queremos ter no futuro", completou a russa, que fez as declarações depois que pelo menos duas atletas da Suécia competiram com as unhas pintadas com arco-íris no Luzhniki Stadium, onde acontece o Mundial de atletismo.

Emma Green Tregaro, medalha de bronze no salto em altura no Mundial de 2005, postou uma foto de suas unhas no Instagram, dizendo que estavam pintadas com as cores do arco-íris e incluiu as "hashtags" "orgulho" e "Moscou-13".

"A primeira coisa que me aconteceu quando cheguei a Moscou foi abrir as cortinas do meu quarto e vi um arco-íris, o que foi um pouco irônico", afirmou Emma em um vídeo colocado no site do jornal sueco "Expressen".

"Aí recebi a sugestão de uma amiga no Instagram de que eu deveria pintar minhas unhas com as cores do arco-íris e me pareceu uma coisa simples que podia desencadear algumas reflexões."

A outra atleta a pintar as unhas foi a velocista sueca Moa Hjelmer, que disputou as baterias dos 200 m.

Segundo a Iaaf, a federação internacional de atletismo, as duas opiniões devem ser respeitadas. Em seu regulamento, a entidade defende que não deve haver nenhum tipo de discriminação religiosa, política ou de orientação sexual entre os atletas.

"O que elas fizeram é desrespeitoso com nosso país. É desrespeitoso com nossos cidadãos porque somos russos. Talvez a gente seja diferente dos europeus e de outras nacionalidades", disse Isinbaieva.

"Temos nossa casa e todos devem respeitá-la. Quando vamos a outros países, tentamos seguir suas regras", completou a saltadora.

O Comitê Olímpico Internacional e a Fifa já pediram que o governo russo dê mais detalhes sobre a lei, já que além dos Jogos de Inverno do ano que vem, o país também receberá a Copa do Mundo em 2018.

TEXTO VETA APOIO A RELACIONAMENTO 'NÃO-TRADICIONAL'

Aprovada pelo presidente Vladimir Puntin em 29 de julho, a lei antigay russa tem causado controvérsia no mundo todo e preocupado atletas e cartolas.

A Rússia abrigará os Jogos de Inverno em Sochi-2014 e a Copa-2018.

Tanto o Comitê Olímpico Internacional como a Fifa já pediram explicações ao governo russo sobre o texto. E exigiram que ele se responsabilize pela segurança dos competidores e torcedores dos eventos.

O presidente dos EUA, Barack Obama, também criticou a nova lei.

De acordo com políticos russos, a lei não proíbe o homossexualismo, apenas desencoraja sua discussão por menores de 18 anos.

No texto original, ela criminaliza "a expressão pública de apoio a formas não-tradicionais de relacionamentos". Segundo Ielena Mizulina, uma das autoras da lei, esses relacionamentos são entre "homens e homens, mulheres e mulheres, bissexuais e transsexuais".

As punições a quem desrespeitar a lei vão de cerca de R$348, para indivíduos, até R$ 70 mil, para organizações e órgãos de imprensa. Estrangeiros podem ser multados, presos ou proibidos de voltar à Rússia.


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