Folha de S. Paulo


Atlético-MG tenta evitar que Brasil tenha pior Libertadores desde 2004

Cuca deixou o São Paulo há nove anos, passou por outros clubes e hoje, no Atlético-MG, reencontra o fantasma que o marcou em 2004, quando caiu na semifinal da Libertadores: foi o último ano em que um clube brasileiro não chegou à final.

O time mineiro recebe o argentino Newell's Old Boys, no Independência, em Belo Horizonte, pela semifinal da Libertadores, precisando vencer por três gols de diferença para ir pela primeira vez à decisão do torneio continental.

Em 2004, o São Paulo de Cuca caiu diante do Once Caldas, que depois sagrou-se campeão ao bater o Boca Juniors. A eliminação são-paulina foi fora de casa, com derrota por 2 a 1, após empate sem gols no Morumbi, e desgastou o técnico no clube.

Cuca acabou demitido em setembro daquele ano. Passou por outros times de São Paulo, treinou agremiações gaúchas, cariocas e mineiras, mas sempre teve de combater a fama de "azarado".

Efe
O técnico Cuca, do Atlético-MG, na partida contra o Newell's Old Boys, na Argentina
O técnico Cuca, do Atlético-MG, na partida contra o Newell's Old Boys, na Argentina

No período, o treinador conquistou três mineiros --um pelo Cruzeiro e dois pelo Atlético-- e uma taça no Rio.

Evitou rebaixamento do Fluminense e foi vice da Sul-Americana pelo time, além de obter um vice-campeonato brasileiro pelo Cruzeiro.

Uma final da Libertadores sem um brasileiro seria ainda mais marcante porque a edição-2013 teve o número recorde de seis clubes do país na fase de mata-mata.

A situação atual é bem diferente do cenário vivido por Cuca na semifinal de 2004. Como perdeu por 2 a 0 na Argentina, o Atlético precisa vencer por 3 a 0 ou três gols de diferença para avançar. Se devolver o placar da ida, a definição é nos pênaltis.

O clima no último treino foi descontraído. Cuca comandou um rachão na Cidade do Galo e colocou quase todo o elenco para treinar pênaltis.

O ânimo atleticano é justificado pelo retorno do zagueiro Leonardo Silva e do volante Leandro Donizete ao time titular. Eles não atuaram na Argentina por causa de lesão.

"Nessa hora vale qualquer sacrifício. É uma decisão, é a chance de fazer história. Se estiver 70% ou 80%, tem de ir para campo e jogar", declarou Leandro Donizete.

As palavras mais faladas entre os jogadores eram "fé" e "raça", reforçando campanha criada na véspera: "Yes, we C.A.M.", inspirada em frase eleitoral do presidente americano Barack Obama ("Sim, nós podemos") e na sigla Clube Atlético Mineiro.

Ronaldinho Gaúcho, camisa 10 da equipe e esperança dos atleticanos, também achou motivação extra. A Libertadores é uma das poucas competições que não venceu.

"É uma oportunidade boa. Ter a confiança dos torcedores e dos companheiros me motiva, me deixa mais confiante. Estou bem treinado em todos os aspectos, agora é descansar para chegar bem."


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