Folha de S. Paulo


'Algoz' de Armstrong critica inação de órgão de ciclismo

O americano Travis Tygart, 42, foi o responsável por revelar a maior trapaça da história do esporte: o doping do ciclista Lance Armstrong.

Apesar da repercussão, o principal executivo da Usada (agência antidoping dos EUA) está frustrado com o desdobramento da investigação.

Oito meses após a divulgação de um dossiê que apontou que Armstrong e a equipe US Postal criaram o "esquema de doping mais sofisticado da história", Tygart disparou contra a UCI (União Ciclística Internacional).

John Thys - 17.mai.2013/AFP
Travis Tygart durante entrevista
Travis Tygart durante entrevista

"Estou decepcionado. É uma vergonha não ter havido ações mais rigorosas da UCI. Mas eu não vou sossegar até vê-la agir", disse à Folha.

Segundo Tygart, o presidente da UCI, Pat McQuaid, lhe prometeu que tomaria "ações decisivas" para elevar o rigor contra o doping.

"Mas só o que fizeram foi dissolver uma comissão independente que analisaria o caso. A UCI está apenas ganhando tempo para que esqueçam o que aconteceu."

As acusações de conluio entre Armstrong e a UCI são antigas. Ex-companheiro de Armstrong na US Postal, Tyler Hamilton afirmou que a entidade acobertou um exame positivo do astro em 2001, na Volta da Suíça --ela nega.

Após o dossiê da Usada, Armstrong foi destituído dos sete títulos que ganhou na Volta da França, perdeu os resultados que obteve de 1998 a 2005 e acabou banido. Mas não se apresentou à Justiça.

Suas únicas declarações foram à mídia. No início do ano, ele confessou à apresentadora Oprah Winfrey que se dopou. E, semana passada, em entrevista ao jornal francês "Le Monde", disse ser impossível vencer a Volta da França sem dopagem.

Tygart quer que Armstrong deponha na Justiça, algo que jamais aceitou, e ainda tem esperança de que ele coopere com outras investigação.

"Armstrong tem informação privilegiada. Tenho certeza de que existiam sistemas de dopagem em outras equipes, não só na Postal", disse.

O executivo quer usar da reputação que adquiriu para estender o que chama de missão. "Antes era raro um atleta confessar, mas já fui procurado por pais e técnicos."

Recentemente, ele foi eleito pela revista "Time" uma das cem personalidades mais importantes do mundo.


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