Folha de S. Paulo


Maioria na eleição, federações recebem R$ 27 milhões de Marin em 2012

O presidente da CBF, José Maria Marin, abriu os cofres da entidade para agradar às federações estaduais no seu primeiro ano de mandato. Em 2012, o dirigente repassou R$ 27 milhões para as federações.

O valor é 62,79% superior ao enviado por Ricardo Teixeira aos mesmos cartolas em 2011. No último ano do poder, Teixeira passou R$ 16,7 milhões para os presidentes de federações.

Os dados constam no balanço financeiro da entidade, publicado no mês passado e assinado por Marin.

O dinheiro saiu do próprio caixa da CBF, contando com o fato de a arrecadação ter aumentado em 2012.

Apesar de não ocuparem um posição de protagonismo no futebol nacional, as federações estaduais são decisivas na eleição da CBF. Com 27 votos, eles são a maioria no colégio eleitoral.

Além das federações, os 20 clubes que vão disputar o Campeonato Brasileiro participarão do próximo pleito.

Em abril de 2014, os dirigentes vão se reunir no Rio para escolher o sucessor de Marin.

No cargo desde março de 2012, o atual presidente da CBF já adiantou que não será candidato, mas apoia Marco Polo del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol e vice mais velho da CBF.

Em alguns casos, a CBF quase que dobrou o repasse. A Federação Catarinense de Futebol recebeu R$ 759 mil em 2012. No ano anterior, a entidade comandada por Delfim Peixoto havia recebido R$ 410 mil.

Peixoto foi um dos principais articuladores políticos para garantir a posse de Marin. Um grupo de dirigentes era contra a posse de Marin, o vice mais velho, e pretendia convocar uma nova eleição.

Pela lealdade, o catarinense ganhou quatro meses depois a chefia da delegação da seleção masculina nos Jogos de Londres.

A Federação cearense foi a que mais recebeu: R$ 1,5 milhão.

A Federação Capixaba foi também agraciada com um aumento generoso. Em 2011, a federação declarou no seu balanço ter ganho R$ 572 mil. No ano seguinte, o repasse subiu para R$ 911 mil.

Atualmente, Marin tem o apoio de todas as federações. No mês passado, as entidades aprovaram por unanimidade as contas do seu primeiro mandato.

No mesmo dia, a Folha revelou detalhes da aquisição da nova sede por R$ 70 milhões. Documentos apontam superfaturamento na compra do prédio.

Desde que assumiu o poder, Marin costuma cercar de favores os presidentes de federações. Em julho, Marin convidou todos os representantes de federações para os Jogos Olímpicos de Londres com os custos bancados pela confederação.

Questionada pela Folha desde quarta sobre os repasses, a assessoria de imprensa da CBF não respondeu os questionamentos.


Endereço da página:

Links no texto: