Folha de S. Paulo


Jovem que assumiu autoria de disparo do sinalizador será processado

O Ministério Público desistiu de aguardar por providências da Justiça da Bolívia e vai encaminhar o processo contra o adolescente de 17 anos que assumiu a responsabilidade pela morte de Kevin Beltrán Espada, de 14 anos.

Membro da Gaviões da Fiel, o adolescente, que se apresentou após o episódio de Oruro, será processado por homicídio. Resta definir se doloso ou culposo --se assumiu ou não risco de matar.

"Estávamos aguardando para saber se a Bolívia tomaria alguma providência. A Justiça boliviana deveria processá-lo, pois o fato ocorreu lá. Mas eles não querem nem tomar conhecimento do que disse o adolescente", afirmou o promotor Thales de Oliveira, que atua na área da Infância e Juventude na capital.

No dia 26 de fevereiro, o adolescente se apresentou à Vara da Infância e Juventude de Guarulhos e assumiu a autoria do disparo do sinalizador que matou Kevin.

Segundo o promotor, que coordena um grupo de estudos sobre violência nos estádios, a documentação envolvendo o depoimento do torcedor foi enviada às autoridades bolivianas via Ministério da Justiça e Itamaraty.

"Agora estamos indo atrás de outros elementos, provas e testemunhas, e pedimos um laudo pericial. Ele vai ser processado por homicídio, culposo ou doloso", afirmou.

Por ser menor de idade, o adolescente, se condenado por homicídio doloso, poderá ser internado na Fundação Casa por até três anos. No caso de homicídio culposo, ele receberá uma medida de liberdade assistida.

Tanto os pais de Kevin quanto as autoridades bolivianas, desde o princípio, ignoraram o depoimento do adolescente brasileiro. A defesa dos 12 torcedores presos em Oruro cogitou levá-lo até a Bolívia, hipótese descartada pelo advogado dele.

Ricardo Cabral, que representa a Gaviões e o jovem, diz que o adolescente continua abalado. "Ele vive dentro de casa com a sua família, não conseguiu ainda retomar sua rotina por causa da repercussão do caso", contou.


Endereço da página:

Links no texto: