Folha de S. Paulo


Fifa quer tirar Marin da chefia do comitê da Copa

A Fifa quer tirar José Maria Marin da presidência do COL, órgão responsável pela organização da Copa de 2014. Além do Comitê Organizador Local, Marin também é o mandatário da CBF.

O COL é o representante político e financeiro da Fifa no Brasil, sendo a CBF "sócia" do comitê. A troca pode até exigir mudanças nas regras que o criaram, caso o cartola tente ficar no cargo.

Marin, através de sua assessoria, disse que não iria se pronunciar sobre o assunto.

O ex-atacante Ronaldo, membro do conselho de administração do COL, é um dos preferidos da federação para assumir o cargo.

Para a Fifa, Ronaldo surge como opção porque já conhece os trabalhos de organização do Mundial e porque tem imagem positiva no exterior.

Outro ex-jogador bem cotado é Leonardo, hoje diretor do clube Paris Saint-Germain.

A decisão de trocar o comando do COL já estaria tomada. A cúpula da Fifa informou o governo brasileiro há duas semanas.

Emissários do presidente da Fifa, Joseph Blatter, demonstraram ao governo preocupação com o desgaste de Marin. Avaliaram ainda que a situação pode prejudicar a imagem do Mundial.

Desde que assumiu a presidência da CBF e do COL, em março de 2012, Marin tem sido alvo de pressão.

Além do mal-estar com o ministro Aldo Rebelo (Esporte), ele sofre oposição por parte do deputado Romário (PSB-RJ), que entregou na sede da CBF, no Rio, um abaixo-assinado com milhares de assinaturas pedindo sua saída.

O documento defende que evidências ligando Marin à ditadura militar o impossibilitam de comandar o futebol brasileiro e o Mundial-14.

A escolha de um ex-jogador repetiria o que ocorreu nas Copas de 1998 e 2006, com Michel Platini (França) e Franz Beckenbauer (Alemanha). Ambos presidiram os comitês organizadores locais.

Nomes de tradicionais cartolas e executivos também estão sendo avaliados, mas sem um consenso. Segundo a Folha apurou, a Fifa quer fazer a mudança até a Copa das Confederações, ou seja, dentro dos próximos dois meses.

O movimento agrada o governo. A presidente Dilma Rousseff e Aldo não escondem o incômodo com a presença de Marin desde a saída de Ricardo Teixeira.

Dilma não tolera um dirigente acusado de ligações com o regime militar trabalhando ao lado do governo pela Copa de 2014.

Já Aldo não engole as críticas que recebeu de Marin, vazadas recentemente pela internet. A relação entre ambos hoje é protocolar.

Tirar Marin da presidência do COL seria uma forma de isolá-lo na CBF, deixando-o distante dos eventos públicos e privados sobre o Mundial.

Restaria sua função de presidente da CBF, que, embora relevante para o cenário do futebol, tem tido pouco espaço na organização da Copa.


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