Folha de S. Paulo


Estrela teen, Adu vai de Pelé a Zizao em uma década

Em dez anos, Freddy Adu deixou de ser o "novo Pelé" para se tornar o "novo Zizao".

O atacante norte-americano, comparado ao maior jogador da história quando surgiu, com 13 anos no Mundial sub-17 de 2003, desembarca hoje no Bahia para desempenhar papel semelhante ao do chinês no Corinthians, ou seja, chamariz de marketing.

"A ideia é que façamos alguma coisa parecida. Estamos pensando muito nisso. Já conversamos com o marketing e vamos aproveitá-lo para tentar solidificar nossa imagem no mercado dos EUA", afirmou o gestor de futebol Paulo Angioni.

O clube nordestino aposta que os sucessivos fracassos de Adu, 23, no futebol ainda não foram suficientes para apagar a aura de popstar que ele carregou no passado.

O ganense, que se mudou para os EUA e recebeu cidadania americana após sua mãe ganhar o visto de permanência no país em loteria de "green card", foi tratado como se fosse o primeiro astro do futebol no século 21.

Aos 13 anos, apareceu no "New York Times", deu entrevistas para os principais programas de TV dos EUA e assinou um contrato na casa de US$ 1 milhão com a Nike.

Um ano depois, tornou-se o atleta profissional mais jovem do país em mais de um século e estreou na MLS com o salário mais alto da liga profissional norte-americana.

Foi seu auge. Fez testes no Manchester United, passou pelo Benfica e jogou na França, na Grécia e na segunda divisão da Turquia. Não deu certo em lugar nenhum.

Voltou aos EUA em 2011. E acabou virando moeda de troca do Philadelphia Union.

"O Kleberson [pentacampeã mundial em 2002] estava com pouco espaço aqui e foi liberado para procurar uma situação melhor. Encontrou nos EUA. Mas, para o Philadelphia contratá-lo, tinha que liberar Freddy. Então, veio a ideia", disse Angioni.

Entre o brasileiro e o clube americano já está tudo certo. Faltam apenas detalhes para o negócio entre Adu e o Bahia ser selado. O atacante vai conhecer Salvador hoje e passar por exames amanhã. Se for aprovado e gostar da cidade, assinará contrato.

"Como ele teve de lidar com a fama desde muito cedo, era natural que passasse a viver em um mundo de fantasia. Mas aquele mundo acabou. A gente acredita que agora ele entrou na realidade", completou o dirigente.

Em entrevista à Folha em fevereiro do ano passado, Adu adotou discurso semelhante. Admitiu que perdeu o foco com o sucesso precoce e disse que "tudo voltou a ser como sempre deveria ter sido." Mas também ressaltou que se considera diferente.

"Não acho que sou só mais um bom jogador. Acredito que sou mesmo especial."


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