Folha de S. Paulo


Grace Tourinho quer fazer do Brasil o principal mercado do UFC

"O UFC contratou uma CEO casca-grossa para o Brasil." É assim que o lutador Vitor Belfort define Grace Tourinho, 47, representante exclusiva no Brasil da principal promotora de combates de MMA (artes marciais mistas).

Com passagem por Ambev e Time For Fun, a definição não ofende a executiva, casada, mãe de dois adolescentes (a quem apoiaria se lutassem MMA) e praticante de tênis e muay thai. Ao contrário, vê como mostra de respeito.

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Folha - O que achou de ter sido chamada de 'casca-grossa' por um dos seus lutadores?
Grace Tourinho - Neste meio é bom, trata-se de um termo muito respeitoso. Sou muito tenaz com tudo, sempre me dedico 100%. E não será diferente agora.

Como você se sente nesse universo masculino? Até as lutadoras admitem que se produzem para agradar...
Gosto do universo masculino, e o fato de que ser mulher me diferencia. E nós [UFC] já temos uma divisão feminina.

O presidente do UFC, Dana White, disse que o trabalho dele é lidar com 400 dos maiores FDPs do mundo. Como se preparar para isso?
Não senti nenhum preconceito ou que estejam me testando. Ao contrário, fui muito bem recebida por todos.

Pode falar um pouco de sua vida pessoal, de sua família?
Pratico muay thai [boxe tailandês] e tênis. Sou casada, tenho dois filhos, uma de 19 anos e outro de 13.

E você permitiria que um de seus filhos lutassem no UFC?
Quero que se realizem. Se for o que eles quiserem, vou apoiá-los e ajudá-los.

Qual foi seu maior desafio?
Meu maior desafio foi conciliar duas coisas em minha vida. Foi quando trabalhei para que as ações da Ambev começassem a ser negociadas na Bolsa de Nova York ao mesmo tempo em que esperava o meu segundo filho.

Você acompanhava o MMA?
Já conhecia o UFC, meus filhos adoram. Assisti a luta entre Anderson Silva e Belfort, me lembro que o país quase parou. Trabalhei na Time for Fun, que combinava esportes e entretenimento. Adoro trabalhar com isso e agora tenho a chance de ajudar a fortalecer este já bem-sucedido esporte no Brasil.

Qual a meta para o Brasil?
Torná-lo nosso principal mercado. Há muito potencial e vamos trabalhar mais juntos de nossos parceiros. Nosso público não para de crescer, veja as mídias sociais. Os números de pay-per-view crescerão, especialmente com mais edições do [reality show] 'The Ultimate Fighter Brasil'. Há iniciativas para dar mais visibilidade. Queremos levar eventos para mais cidades brasileiras.

Como você vê o fato de o pioneiro Rickson Gracie ser um concorrente no Brasil?
Não o vejo como um rival, cada promoção adota sua própria fórmula. É saudável para todos que o UFC coexista com eventos nacionais. Existem vantagens para todos.

Como será tratada a questão do antidoping no Brasil?
A Comissão Atlética Brasileira de Mixed Martial Arts [em inglês, artes marciais mistas] aplicará um regulamento similar a de nossos eventos na América do Norte.

O UFC está preocupado em criar novos 'Andersons Silvas', lutadores que unem a habilidade e carisma, para carregar o esporte no Brasil?
Temos 70 brasileiros sob contrato. Não acho que o esporte dependa de um único lutador. Especialmente porque, ao contrário do futebol, temos muita tradição no MMA. Afinal de contas, somos o berço do esporte. Estou certa de que esta renovação natural irá ocorrer, especialmente com o 'TUF Brasil', que revela grandes lutadores.

Anderson enfrentará George Saint-Pierre ou Jon Jones?
Todos queremos ver essas superlutas. Mas não me envolvo nessas negociações.


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