Folha de S. Paulo


Ministro do Esporte minimiza obras de infraestrutura para a Copa

Durante visita ao estádio da Fonte Nova, em Salvador, nesta terça-feira, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, irritou-se com as seguidas perguntas sobre o metrô da capital baiana --em obras desde 1999 e já tendo consumido cerca de R$ 1 bilhão-- e acabou minimizando o que o governo federal chama de "legado" da Copa de 2014.

"Preciso deixar claro que a matriz de responsabilidades é uma iniciativa das prefeituras e dos governos. Não constitui nenhuma obrigação assumida perante à Fifa e ao comitê organizar local", disse.

Segundo o "Portal da Copa", site do governo federal sobre o evento, a matriz de responsabilidades envolve "projetos imprescindíveis para a realização do Mundial".

Ao todo, são R$ 25,581 bilhões previstos para obras de infraestrutura das 12 sedes da Copa-2014.

No ato de assinatura do documento, em 2010, a presidente Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil na época, disse se tratar de "um legado permanente, um ganho significativo para a população das cidades".

O então presidente Lula afirmou: "Agora, todo mundo sabe quais os compromissos que têm e o que precisamos para realizar a melhor Copa de todos os tempos".

Para Aldo Rebelo, porém, são "compromissos para antecipar obras do PAC [Plano de Aceleração do Crescimento]", sem obrigação de ficarem prontas para o Mundial.

A declaração aconteceu após o governo da Bahia voltar atrás do anúncio, feito menos de quatro meses antes, na visita anterior da Fifa à arena, de que o metrô de Salvador funcionaria na Copa das Confederações em 2013.

O governador Jaques Wagner (PT) disse ser impossível isso acontecer. Em setembro, a promessa era de que aconteceria uma "operação assistida", com os trens rodando de maneira provisória, durante os dias de jogos, na chamada linha 1 do projeto.

Mesmo assim, Wagner prometeu que não haverá "nenhum problema de acesso ao estádio". Segundo ele, a Fonte Nova "é um dos estádios com melhor localização do mundo", no centro da capital baiana, com possibilidade até de alguns turistas irem a pé de seus hotéis.

Também presente, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que não haverá "tanta movimentação de turistas" durante a Copa das Confederações. "Assim, confesso não estar tão preocupado sobre isso", disse.

Valcke ainda reclamou da estrutura de telecomunicações que viu no Castelão, primeira arena da Copa a sediar um jogo, domingo passado. E disse que acredita no cumprimento dos prazos de todas as seis sedes da Copa das Confederações, até abril.

Com 91% das obras concluídas, a Fonte Nova tem previsão de entrega para daqui a um mês, em 28 de fevereiro, com o primeiro jogo sendo um clássico entre Bahia e Vitória, em 31 de março, dois dias após o aniversário da cidade, quando haverá uma festa de inauguração.

Nos bastidores, as construtoras OAS e Odebrecht temem que não haja tempo hábil para o gramado ficar pronto até o final de março. O plantio do campo acabou ontem.

O ex-atacante Ronaldo, hoje membro do Conselho de Administração do COL (Comitê Organizador Local), aproveitou para dar uma pequena alfinetada na atual seleção brasileira. Vivendo dificuldades, o time nacional viu o técnico Mano Menezes ser demitido no final de 2012.

"Sei que estou dando uma contribuição, mas seria mais importante dentro do campo em 2014", disse, bastante assediado pelos operários da obra.

Divulgação/Secom
Fifa inspeciona Fonte Nova, em fase final de construção
Inspeção da Fifa na Fonte Nova, em fase final de construção

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