Folha de S. Paulo


'Máfia do apito' se torna assunto na ONU

A armação de resultados no esporte, especialmente relacionadas ao mundo das apostas, chegou à Unesco, braço cultural da ONU (Organização das Nações Unidas).

O assunto, que preocupa autoridades e vem ganhando visibilidade, entrou na pauta de encontro entre ministros de Esporte, de 28 a 30 de maio, em Berlim (Alemanha).

Antônio Gaudério - 31.jul.2005/Folhapress
Edílson Pereira de Carvalho, protagonista do caso
Edílson Pereira de Carvalho, protagonista do "Máfia do Apito"

A Unesco confirmou à Folha a realização da reunião e a discussão do assunto. Porém dirigentes preferiram guardar detalhes adicionais.

Em um encontro semelhante a este foram iniciadas as discussões que levaram à criação da Wada (Agência Mundial Antidoping).

Pessoas com trânsito na Unesco dizem que existem argumentos fortes para a criação de uma entidade semelhante à Wada para regular e supervisionar apostas esportivas. Apontam que o esquema de apostas ilegais está espalhado por vários países.

Por exemplo, a Ásia abriga a sede de diversos sites ou empresas de apostas ilegais, mas muitos resultados sob suspeita acontecem em outras regiões, como a Europa.

Uma entidade com representatividade e poder de ação em diversos países poderia apresentar maior eficácia no combate a esse fenômeno.

O tema entrou na pauta da reunião de ministros, em grande parte, graças ao lobby dos alemães. A Alemanha enfrenta problemas ligados à armação de resultados para favorecer apostadores.

Italianos também, recentemente, foram alvo de investigações sobre apostas ilegais.

No Brasil, ganhou notoriedade o caso da "Máfia do Apito", protagonizada pelo então árbitro Edilson Pereira de Carvalho, que gerou a anulação de jogos do Nacional e a mudança da legislação esportiva do país para que a armação de resultados passasse a ter pena prevista em lei.

Modalidades olímpicas, como o tênis, também ficaram na berlinda por causa de suspeitas de armação.

A criação de uma agência internacional não teria, necessariamente, o objetivo de proibir ou combater as apostas, mas de regulamentá-las.

Diversos times de futebol europeu têm como fonte de renda o patrocínio de sites de apostas na internet.

Um estudo da União Europeia apontou que o valor a ser movimentado pelas apostas online em 2015 dobrará em relação ao de 2008, que foi de R$ 17,5 bilhões.

Uma das iniciativas da União Europeia foi ajudar a financiar uma campanha educacional direcionada a jovens esportistas a fim de preveni-los do perigo envolvido na armação de resultados.

Serão alvo do programa cerca de 15 mil atletas de 13 países, em ao menos dez esportes. O custo do programa foi de R$ 1,3 bilhão. A campanha começou este ano e terá 18 meses. Ex-esportistas irão participar dessa campanha.


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