Folha de S. Paulo


Problemas do Pan-Americano voltam no Rio olímpico

O Rio que se prepara para a Olimpíada de 2016 ainda está às voltas com questões levantadas durante os preparativos para o Pan de 2007.

Hoje será lançado o edital de construção do Parque Olímpico, que abrigará as principais arenas e centros de mídia dos Jogos. Será erguido onde hoje está o autódromo de Jacarepaguá e deve custar R$ 1,4 bilhão.

A obra nem começou, mas já está envolta em questões que se arrastam há anos.

Em janeiro, foram divulgadas duas decisões judiciais contra o projeto, uma da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) e outra da Defensoria Pública. As liminares foram revogadas.

Divulgação
Vista do projeto do Parque Olímpico do Rio
Vista do projeto do Parque Olímpico do Rio

A CBA teme pelo não cumprimento de acordo feito em 2008, quando o Rio era candidato a 2016. Mas a discussão se arrasta desde antes do Pan, quando parte da área do autódromo de Jacarepaguá foi ocupada por instalações para o evento. Algumas obras até pararam por ordem judicial.

Após o Pan, CBA, prefeitura, Ministério do Esporte e Comitê Olímpico Brasileiro acordaram que, se os Jogos de 2016 fossem no Rio, outro circuito seria feito antes da destruição de Jacarepaguá e das obras no Parque Olímpico.

Mas o projeto ainda não saiu do papel. E a obrigatoriedade da construção não constava do edital lançado em janeiro, antes de a prefeitura adiar a licitação para hoje.

Por meio de suas assessorias, ministério e prefeitura disseram que o compromisso está mantido. "O que a prefeitura iniciou foi só o processo licitatório, mas as obras estão condicionadas ao acordo."

Há plano de erguer a nova pista em Deodoro. "O compromisso de construção do novo autódromo no Rio está mantido. Os governos federal, do Estado e a prefeitura estão avaliando a forma de financiamento e a responsabilidade pelas obras e pela gestão futura", diz o ministério.

O comitê da Rio-16 afirma que "está satisfeito com a condução do projeto do Parque Olímpico pela prefeitura".

A CBA, por sua parte, afirma que, após meses sendo ignorada, enfim foi ouvida. Mas ainda não está satisfeita.

"O município agora já admite que fez um acordo conosco", diz Felippe Zeraik, diretor jurídico da entidade.

"Mas eles dizem que só podem iniciar a nova construção após a resolução. Não entendemos o que isso quer dizer e vamos entrar com outro mandado de segurança para eles explicarem direito."

Já a Defensoria Pública questionava o destino das famílias da favela Vila Autódromo, questão que se arrasta desde o Pan. A prefeitura diz que a licitação não implica a retirada imediata dos moradores e que os transferirá "para um condomínio de qualidade que será construído em um terreno a menos de 1 km da atual Vila Autódromo".


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