Folha de S. Paulo


Produção de Benzetacil é suspensa temporariamente

Thiago Facina
Bebê infectado com sífilis recebe uma dose de penicilina em um hospital do Rio de Janeiro
Bebê infectado com sífilis recebe uma dose de penicilina em um hospital do Rio de Janeiro

A produção do antibiótico Benzetacil (penicilina G. benzatina) está temporariamente suspensa no país, informou a empresa Eurofarma, detentora oficial da marca.

O medicamento, injetável, é indicado para tratar casos de sífilis, entre outras infecções.

Em nota, a Eurofarma afirma que a suspensão ocorreu para "implantação de melhorias" em testes de validação dos produtos –processo que compara parte das unidades produzidas e é utilizado para assegurar que o medicamento atende a todas as especificações exigidas.

Escassez de penicilina

A previsão é que a produção, interrompida desde o início deste mês, seja retomada até outubro deste ano.

Segundo a empresa, a medida não afeta os produtos já disponíveis no mercado, "que atendem todos os padrões de eficácia e segurança". Unidades remanescentes de Benzetacil em estoque podem ser utilizadas normalmente até a data de validade na embalagem, informa.

"Cabe ainda ressaltar que outros medicamentos disponíveis no mercado podem ser utilizados como alternativa terapêutica", completa a nota.

Além da Eurofarma, ao menos outras três empresas fabricam o produto no país: a Furp (Fundação para Remédio Popular), o laboratório Teuto Brasileiro S/A e a Novafarma.

Nos últimos anos, o país viveu uma situação de desabastecimento de penicilina, o que colaborou para um aumento nos casos de sífilis. Problemas de fornecimento de penicilina também se repetiram em outros países. O motivo é que poucos laboratórios no mundo produzem a droga e o fazem em pequena quantidade, por conta do medicamento não ter patente e, por isso, gerar pouco lucro.

Questionado nesta sexta-feira (28) sobre a possibilidade de impactos ao fornecimento ao SUS, o Ministério da Saúde informa que tem estoque garantido de penicilina para atendimento aos pacientes diagnosticados com sífilis, em todo o país, até o segundo semestre de 2018. "Além disso, novas aquisições já estão em andamento", informa.

A pasta diz ainda que, desde 2014, quando houve alerta para possível desabastecimento de penicilina no mundo, "monitora a situação no país e passou a fazer a compra centralizada do produto para garantir o abastecimento contínuo nos Estados".

No início deste ano, uma medida provisória editada pelo governo permitiu o aumento do preço de medicamentos, entre elas a penicilina benzatina, para vários fornecedores. Segundo a pasta informou na época, o objetivo era estimular a produção nacional e assegurar o abastecimento do mercado.


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