Folha de S. Paulo


Idade do homem também afeta sucesso de reprodução assistida

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Foram estudados 19 mil ciclos de fertilização realizados por 7.753 casais
Foram estudados 19 mil ciclos de fertilização realizados por 7.753 casais

Não é só a mulher que precisa se preocupar com o avanço da idade caso deseje ter filhos. O tempo é implacável com os homens. É o que sugere pesquisa apresentada nessa terça-feira (4) em Genebra, na Suíça, durante a 33ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.

O estudo, liderado pela especialista em biologia reprodutiva Laura Dodge, do Centro Médico Diaconista Beth Israel e da Escola de Medicina de Harvard, dos Estados Unidos, mostra que a idade do homem tem importante influência no sucesso de tratamentos de fertilização in vitro.

Foram analisados 19 mil ciclos de fertilização in vitro realizados por 7.753 casais em uma clínica de reprodução assistida na região de Boston, nos EUA, entre 2000 e 2014.

As mulheres e os homens foram divididos em diferentes grupos etários: menos de 30 anos, de 30 a 35 anos, de 35 a 40 anos e 40 a 42 anos. No caso dos homens também foi criado um grupo para quem tinha mais de 42 anos. Avaliou-se, então, a taxa de fertilizações bem-sucedidas envolvendo a combinação destes grupos.

Para mulheres de até 40 anos, quanto mais velho o homem, menor era a taxa de fertilizações bem-sucedidas.

A associação de mulheres com menos de 30 anos com homens com idades entre 40 e 42 anos, por exemplo, levou a uma taxa de nascimento de apenas 42%. Quando estes parceiros tinham de 30 a 35 anos, contudo, a taxa subiu para 73%.

Isso também foi verificado nos grupos de mulheres com idades entre 35 e 40 anos. A associação com homens de menos de 30 anos resultou em uma taxa de 70%, ante 54% nos casos de homens de 30 a 35 anos (aumento de 30%).

O estudo apontou a mutação e aumento progressivo de danos no DNA dos espermatozoides ao longo dos anos e o menor número de espermatozoides em homens mais velhos como alguns dos fatores que podem explicar essa relação entre o avanço da idade e a menor fertilidade masculina.

"Com o passar do tempo, a quantidade de espermatozoides diminui e também a qualidade, causando um impacto negativo nas taxas de gravidez dos tratamentos de reprodução humana", explica Giuliano Bedoschi, especialista em reprodução humana, que esteve na apresentação do estudo em Genebra.

Como esperado, a menor taxa de fecundação ocorreu quando foram envolvidas mulheres de 40 a 42 anos, independentemente da idade do parceiro.

MULHERES

Avaliando apenas o efeito da idade em cada um dos gêneros, independente da associação com o sexo oposto, o estudo confirmou, entretanto, o fato de que o avanço da idade tem um efeito maior nas mulheres do que nos homens.

Óvulos de mulheres entre 40 e 42 anos têm 46% menos chances de serem fecundados do que os de mulheres com menos de 30 anos. Entre os homens, a redução desta taxa envolvendo homens destas mesmas idades foi de 20%.

Para Bedoschi, o próximo passo é estudar outros grupos de pacientes, como os que engravidam de maneira natural.

"Não podemos extrapolar esses achados para todos os grupos, mas não ficaria surpreso com achados semelhantes em casais que engravidam naturalmente", diz.


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