Folha de S. Paulo


Viver próximo a vias movimentadas aumenta risco de demência, diz estudo

Eduardo Anizelli-18.dez.2016/Folhapress
Trânsito na marginal Pinheiros
Trânsito na marginal Pinheiros

Pessoas que vivem próximo a vias onde o tráfego de veículos é intenso têm mais risco de desenvolver demência senil como o mal de Alzheimer, revela um estudo publicado nesta quinta-feira (5) na revista especializada britânica "The Lancet". A poluição e o ruído seriam elementos que contribuiriam para a degeneração cerebral, afirma a pesquisa.

O estudo não estabeleceu vínculos entre a exposição ao tráfego de veículos e outras duas enfermidades neurológicas: mal de Parkinson e esclerose múltipla.

Ao analisar os casos de mais de 6 milhões de adultos residentes na província canadense de Ontario entre 2001 e 2012, os pesquisadores concluíram que entre 7% e 11% dos casos de demência senil observados em pessoas residentes a menos de 50 metros de uma via de trânsito intenso podem ser atribuídos a esta exposição.

O risco aumenta em 7% para as pessoas que vivem a menos de 50 metros, em 4% para os que estão a uma distância de entre 50 e 100 metros, e em 2% para uma distância de entre 100 e 200 metros.

Além dos 200 metros não existe risco, segundo a equipe liderada por Hong Chen, da agência de saúde pública de Ontario.

Os cientistas fizeram ajustes nos dados para levar em conta outros fatores, como pobreza, obesidade, instrução e o hábito de fumar, então seria improvável que eles tivessem ligação com o desenvolvimento da doença nos casos analisados.

O trabalho identificou dois elementos contaminantes mais envolvidos na demência, que são o dióxido de nitrogênio (NO²) e as partículas finas emitidas pelos veículos, mas há outros fatores, como o barulho, que podem ter um papel nos quadros.

"Precisamos de mais pesquisas para estabelecer essa ligação e, particularmente, os impactos de diferentes aspectos do trânsito, como poluição e ruídos", diz Hong Chen, um dos autores do estudo.

Contudo, o estudo analisa apenas onde vivem pessoas diagnosticadas com demência e não pode comprovar que o trânsito seja realmente o causador do problema.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há 47,5 milhões de pessoas com demência senil no mundo, das quais entre 60% e 70% sofrem do mal de Alzheimer, enfermidade neurodegenerativa que leva à perda da capacidade cognitiva.


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