Folha de S. Paulo


2,5 milhões de pessoas por ano são infectadas com HIV, diz estudo

Tang Chhin Sothy - 22.fev.2016/AFP
Divulgado novo estudo sobre as infecções por HIV no mundo
Divulgado novo estudo sobre as infecções por HIV no mundo

2,5 milhões de pessoas são infectadas anualmente pelo vírus da Aids. O dado foi divulgado nesta terça (19) na revista médica britânica "The Lancet". O estudo reune estatísticas de 195 países entre 1980 e 2015.

O número de novas infecções permaneceu relativamente estável no período estudado e os novos tratamentos reduziram a mortalidade vinculada à doença, segundo o estudo.

"Lança uma imagem inquietante da lentidão dos avanços na redução das novas infecções por HIV", diz Haidong Wang, da Universidade de Washington, principal autor do estudo.

Segundo o relatório, 38,8 milhões de pessoas viviam com o HIV em 2015, um número que aumenta regularmente desde 2000, quando totalizavam 28 milhões.

As mortes provocadas pela aids caíram de um pico de 1,8 milhão em 2005 a 1,2 milhão em 2015, especialmente graças à intensificação dos tratamentos antirretrovirais (ARV) e à prevenção da transmissão do vírus de mãe para filho.

A quantidade anual de novas infecções permaneceu relativamente constante em um nível de 2,5 milhões por ano no mundo nos dez últimos anos, após um período de rápido declínio a partir de um pico de 3,3 milhões de novos infectados em 1997.

A utilização de tratamentos ARV (antirretrovirais) avançou rapidamente de 6,4% em 2005 a 38,6% em 2015 para os homens infectados, e de 3,3% a 42,4% para as mulheres no mesmo período.

Apesar dos avanços, a maioria dos países estão longe de alcançar o objetivo fixado pela Unaids até 2020, que consiste em tratar 90% dos pacientes infectados.

Em 2015, 41% dos soropositivos recebem um tratamento ARV, segundo o estudo.

Esta cobertura terapêutica é muito variável entre diferentes regiões e países. É necessária uma intensificação dos tratamentos, em particular no Oriente Médio, África do Norte e Europa do Leste, assim como em alguns países da América Latina.

Alcançar o objetivo da Unaids até 2020 implica tratar com ARV 81% das pessoas infectadas.

Suécia, Estados Unidos, Holanda e Argentina estão perto de atingir esta meta. A América Central, o Caribe e países como Venezuela (35%) e Bolívia (24%) figuram entre os mais atrasados.

Chegar a 81% de cobertura terapêutica ART significa tratar 3,1 milhões de soropositivos adicionais por ano entre 2015 e 2020, destacam os autores.

Em 2015, 1,8 milhão de novas infecções ocorreram na África subsaariana, seguidas por 212.500 no sul da Ásia.

Entre 2005 e 2015, a taxa de novas infecções por HIV aumentou em 74 países, especialmente Indonésia, Filipinas, África do Norte e Oriente Médio, assim como em alguns países da Europa Ocidental, como Espanha e Grécia.

"Ainda existem grandes incertezas sobre as estimativas da quantidade de novas infecções por HIV em muitas regiões do mundo", afirmam duas pesquisadoras francesas, Virginie Supervie e Dominique Costaglia.

UNAIDS

Um estudo da Unaids (Agência da ONU para Aids), divulgado na semana passada, já havia apresentado o quadro estável de novas infecções por HIV no mundo. A pesquisa analisa o período de 2010 a 2015.

Segundo o relatório da Unaids, 1,9 milhão de pessoas foram infectadas nos últimos cinco anos.

Houve um crescimento de 4% dos casos no Brasil, o que representa 40% das novas infecções por HIV na América Latina e Caribe.


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