Folha de S. Paulo


Equipamentos de LED para usar em casa podem tratar de calvície à acne

Marcus Leoni/Folhapress
Boné com revestimento interno de LEDs promete combater calvície
Boné com revestimento interno de LEDs promete combater calvície

Máscaras, placas, mantas, lanternas, capacetes e bonés que emitem luzes de LED estão entre os equipamentos dermatológicos de uso doméstico mais vendidos na Coreia do Sul, país conhecido pela tecnologia —e pelos exageros— no cuidado com a pele.

Seguros e com um custo relativamente baixo, eles prometem tratar problemas como caspa, calvície, rugas e acne, além de melhorar a aparência geral da pele e dos cabelos.

"Ao contrário dos lasers domésticos para remoção de pelos ou rugas, o LED não oferece riscos de queimadura, por isso é possível usar em casa um equipamento muito semelhante àquele do consultório médico", explica o cirurgião Alvaro Pereira de Oliveira, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia e dono da empresa Cosmedical, que desenvolve produtos brasileiros usando essa tecnologia.

O uso é simples, embora incluí-lo na rotina demande certa paciência. No caso das máscaras, basta colocar no rosto e esperar entre sete minutos e meia hora, de acordo com o fabricante (a quantidade de luzes determina o tempo da sessão). Lanternas devem ser encostadas no local que se pretende tratar —o que pode ser cansativo no caso de áreas mais extensas— por cerca de três minutos.

Led na Pele

Bonés, tiaras e capacetes são colocados na cabeça por um período entre 30 segundos e 20 minutos. No caso das placas, é preciso aproximar o rosto por cerca de 15 minutos. As mantas devem cobrir a área tratada por um período entre dez minutos e meia hora.

Esses equipamentos utilizam a chamada terapia com laser de baixa potência (Low Level Laser Therapy, LLLT), que trabalha com pequenas quantidades de luz (de dez a sessenta joules por sessão) em comprimentos de onda que promovem uma ação fotoquímica, penetrando a membrana celular e estimulando as mitocôndrias a produzirem Adenosina Trifosfato (ATP), moeda energética da célula. As células ganham uma dose extra de energia e funcionam de modo otimizado. Na pele, isso significa uma renovação mais constante. No cabelo, estímulo dos folículos.

"O LED estimula o trabalho das células, que passam a produzir mais colágeno e fibras elásticas, contribuindo para uma melhora geral da aparência", explica Oliveira.

Como o aumento de temperatura é pequeno, não há dano celular. Fora do uso estético, a tecnologia pode ser usada para tratar dores crônicas e para fazer feridas cicatrizarem mais rápido.

Na prática, o LED é um laser, só que de baixa potência. Enquanto um laser de consultório atua destruindo e fragmentando as células da pele (para retirar uma mancha, por exemplo) ou gerando uma agressão na pele para que ela seja obrigada a se renovar (é o caso dos lasers de CO2), o LED apenas estimula a pele. É mais suave, porém menos eficiente.

Os médicos entrevistados pela Folha são unanimes em dizer que o brinquedo funciona, mas que os efeitos são sutis. "Não substitui nenhum tratamento, é apenas um complemento interessante", diz a dermatologista Heloisa Hofmeister.

Segundo Hofmeister, as luzes são menos eficazes que tratamentos convencionais como cremes, por exemplo. "Eu recomendaria para alguém que quer incrementar sua rotina de cuidados, mas não como tratamento único".

Valeria Campos, assessora do departamento de laser da Sociedade Brasileira de Dermatologia, ressalta que o uso não deve ser diário, mas em dias alternados.

"Quem tem pouco cabelo pode usar os LEDs capilares todos os dias. Mas quem só quer estimular o crescimento ou tratar a pele deve usar dia sim, dia não", explica. O uso abusivo pode gerar radicais livres. Ou seja, o inverso do que se pretende.

ADIANDO A CALVÍCIE

No cabelo, os resultados também são discretos, porém animadores. "Nada ressuscita um folículo morto, mas quem inicia o tratamento logo que o cabelo começa a afinar pode adiar a calvície em até dez anos", diz Oliveira.

Em quadros de calvície, o hormônio DHT interfere na atividade celular dos folículos pilosos. As células trabalham menos, deixando os fios mais finos e ressecados. "O que ocorre é uma diminuição progressiva do folículo, que uma hora desaparece", explica Hofmeister.

O LED ativa a microcirculação capilar, levando mais nutrientes ao couro cabeludo e retardando esse processo.

Das oito cores de LED existentes, a maior parte dos equipamentos domésticos trabalham com luzes vermelhas ou azuis. Quando usada no rosto, a luz vermelha tem poder antienvelhecimento, melhora a aparência de linhas finas, aumenta a produção de colágeno e diminui a inflamação após procedimentos como peeling e limpeza de pele.

Quando usada no cabelo, estimula o crescimento, reduz a queda, combate a caspa e fortalece os fios. Nas unhas, aumenta a produção de queratina, deixando-as mais fortes. Já no corpo, combate dores crônicas e flacidez.

A luz azul tem efeito bactericida e uniformizador do tom da pele, sendo útil para combater acne e manchas brancas de cicatrizes ou vitiligo. Quando usada nos dentes, tem efeito branqueador.

PEGADINHAS

Os LEDs foram feitos para durar mais, assim como as lâmpadas dessa tecnologia, mas a maioria dos equipamentos domésticos exige a compra de "recargas" para continuar funcionando. "Não tem nenhuma explicação técnica para um aparelho de LED só funcionar por um determinado número de sessões, é capitalismo puro e simples", diz Campos.

Outra pegadinha é a ampla variação de preços, sobretudo nos equipamentos capilares: alguns chegam a custar seis vezes mais que produtos similares. "A tecnologia é uma só. O que pode variar é a quantidade de luzes e a potência. Produtos mais fracos demandam uma aplicação mais longa, mas o resultado é o mesmo", afirma Oliveira.

Um boné de LED da marca Capellux custa R$ 695. A máscara da mesma marca custa R$ 675. Entre os produtos importados existe, por exemplo, a máscara iluMask, por US$ 19 (mas dura apenas trinta sessões).


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