Folha de S. Paulo


Aborto oferece pouco risco à mulher se feito corretamente, diz estudo

Um novo estudo, feito nos EUA, pegou dados de mais de 50 mil mulheres e mostrou que, se realizadas com a devida probidade e assistência, abortos causam raríssimas complicações às mulheres.

De 54.911 abortos estudados, apenas 0,2% tiveram complicações sérias, como perfuração uterina, infecções ou hemorragia –que precisaram de atendimento hospitalar.

Outros 1.030 casos tiveram complicações menores como pequenos sangramentos e aborto incompleto.

A pesquisadora da Unifesp, Rebeca Souza e Silva, que não participou do estudo, conta que, em abortos feitos em clínicas clandestinas ou sob condições precárias de higiene, chega a haver mais de 90% de complicações.

No estudo, todas as pacientes utilizaram um serviço de atendimento localizado na Califórnia direcionado a pessoas de baixa renda e foram acompanhadas por seis semanas após o procedimento.

Com o trabalho, os pesquisadores esperam contribuir para a debata que tem ocorrido naquele país acerca da segurança do procedimento.

Apenas 17 dos 50 estados americanos permitem o aborto e fazem o acompanhamento das mulheres.

Muitos estados estão mais exigentes com relação à realização do procedimento, que é realizado em clínicas, na maioria dos casos.

"O aborto já é seguro da maneira que é realizado, o que leva a questionar a necessidade de novas regras com a ideia de melhorar a segurança", diz Ushma Upadhyay, pesquisadora envolvida no trabalho em uma nota à imprensa.

Mesmo como baixo índice de complicações observado, os pesquisadores afirmam que ele pode estar superestimado: como o programa atende a mulheres de baixa renda, há maior chance de ter pessoas com saúde debilitada.

O trabalho foi publicado nesta segunda (8) na revista científica especializada "Obstetrics & Ginecology".

LATINOS

Mesmo com a legalização, no Uruguai, segundo Silva, as mulheres ainda tem que passar por diversas consultas com diferentes profissionais antes de ser atendida. "Após todo o processo, já acabou o prazo", diz Silva.

No país vizinho qualquer mulher pode abortar até a 12ª semana de gestação.

No Brasil, o aborto só é legal quando há risco de vida para a mãe ou em casos de estupro.

Ainda assim, Silva diz que já houve algum avanço. "Há vinte anos, era muito difícil até falar de aborto."


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