Folha de S. Paulo


UFSCar cria instituto modelo para o tratamento do autismo

A UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) vai inaugurar um centro de referência para o tratamento do transtorno do espectro autista.

O atendimento personalizado vai permitir intervenções na comunidade que ajudarão os pacientes a superar a dificuldade de sociabilização, um dos sintomas mais evidentes do transtorno.

A inauguração do instituto, que também capacitará profissionais de todo o Brasil, está prevista para o ano que vem. O prédio da sede já está pronto. "Existem poucos serviços especializados no Brasil com essa abordagem", diz Celso Goyos, pesquisador, professor e coordenador do LAHMIEI (Laboratório de Aprendizagem Humana, Multimídia Interativa e Ensino Informatizado da UFSCAR) e um dos idealizadores do projeto. " Há muitas sintomas específicos para os quais ainda não existem ferramentas e propostas adequadas", explica. "O instituto será de grande ajuda nesse sentido".

Com base em uma abordagem consagrada do tratamento, o ABA (Applied Behavior Analysis), o centro ajudará cada indivíduo no desenvolvimento de competências individuais (desenvolvimento da linguagem, superação de comportamentos anti-sociais e aprendizado). Também haverá iniciativas para disseminação de informações importantes sobre o transtorno, como a importância do diagnóstico precoce (ainda bebê) e a possibilidade de reversão de alguns comportamentos.

Outra meta é gerar estudos de caso que sirvam de precedente para profissionais e alunos da instituição.

Uma sala observacional de atividades pedagógicas será montada com o objetivo de acompanhar o comportamento de cada paciente. Também, em alguns casos, o indivíduo poderá ser observado em casa ou na escola. "Muitas manifestações motoras e de linguagem expressam reações de descontentamento com o ambiente", explica Giovana Escobal vice-coordenadora do Lahmiei. "Essa característica é muitas vezes desconhecida".

Inicialmente, pelo grau de especialização, seis pacientes serão atendidos.

"Discuti com o LAHMIEI detalhes do programa e posso dizer pela minha experiência que ele funciona muito bem", diz à Folha Thomas S. Higbee, professor do Departamento de Educação Especial e Habilitação da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, e parceiro da UFSCAR.

"Cada paciente é único e as dificuldades são inúmeras", explica. O pesquisador Thomas Higbee é responsável por projeto similar em Utah.


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