Folha de S. Paulo


Análise: No consultório, prevalece a regra do 'quanto mais, exames, melhor'

Uma coisa é o que os estudos clínicos apontam; outra é o que se pratica nos consultórios médicos, especialmente nos privados.

Ali, ainda prevalece a lógico do "quanto mais, melhor". A cada ano, a mulher sai do consultório do seu ginecologista com uma longa lista de pedidos de exames.

Não importa se ela tem 35 anos e nenhum histórico de câncer de mama na família. Entre os exames, haverá um pedido de mamografia.

Aos 40 anos, médicos já incluem a densitometria óssea, que só deveria ser pedida a partir dos 65 anos às mulheres sem risco de osteoporose.

Há dois anos, nove sociedades médicas americanas lançaram uma lista com 45 testes que deveriam ser pedidos com menor frequência porque podem trazer prejuízos.

Uma mamografia em mulher jovem, por exemplo, pode encontrar nódulos benignos, que vão demandar biópsias e novos exames que só vão gerar estresse.

Sem contar que estudos têm associado a radiação de exames, como a tomografia, a um maior risco de câncer.

No Brasil, as recomendações americanas não encontraram eco. Com as consultas cada vez mais curtas, o médico pede logo uma lista de exames, e o paciente fica feliz.

Associam os exames a cuidados com a saúde. Eles são ótimos quando bem indicados. Mas não há evidência de que façam as pessoas viverem mais. Já alimentação saudável e exercícios são aliados indiscutíveis da longevidade.


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