Folha de S. Paulo


'Já transei com morador de rua, com mulher feia por perversão', diz compulsivo por sexo

O professor A.L. tem 40 anos e frequenta um grupo de ajuda mútua para compulsivos por sexo. Leia o depoimento dele.

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"Minha mãe me botou para fora de casa aos 13 anos porque eu era rebelde. Passei a morar sozinho num imóvel da família. Muito largado, caí numa busca desenfreada por sexo que, mais tarde descobri, era pela falta de afeto.

[Fazer sexo] era uma desculpa para buscar amor. Minha primeira vez foi com mulher. Eu era um adolescente inseguro e falhei nas três primeiras vezes. No mesmo ano, transei com um homem.

Minha parte homossexual era detonada quando me sentia rejeitado pelo sexo oposto, era como se eu buscasse anulação da minha masculinidade.

Aos 19, começou a compulsão: encontrava um cara e ia para a cama. Podia ser na rua, na casa, no cinema, num prédio que eu via que estava com a porta aberta. Eu entrava, às vezes bêbado, e dizia, direto: 'Vamos transar?'.

Depois que acabava, sentia culpa. Eu me desculpava com a pessoa, saía dali e raramente pedia o telefone ou repetia a transa.

Já transei com morador de rua. Já transei com uma mulher muito mais velha, que eu achava feia, grotesca. Fui pela perversão de transar com alguém [por quem] não sentia nenhuma atração.

Ficava meses sem ir a um cinema pornô e de repente ia três dias seguidos, ficava quatro horas, fazia sexo mais de uma vez. Já houve briga por causa de sugestão sexual que não foi bem aceita pela outra pessoa. Já levei ameaça.

A compulsão não se mede pela quantidade de pessoas com quem você faz sexo, mas pelo sofrimento que ela produz. Ela atrapalha a concentração mesmo quando você não está praticando sexo: você fica pensando num telefonema que vai receber, numa mensagem em rede social.

Namoro uma mulher há dois anos. A tendência agora é ficar mais tranquilo. Tive uma recaída depois de uma briga e contei a ela. Sou fiel por algum tempo, mas não para sempre."


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