Folha de S. Paulo


Governo amplia oferta de antirretrovirais a todas as pessoas com HIV

O Ministério da Saúde anunciou hoje (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids, que vai estender o tratamento com antirretrovirais na rede pública a todos os adultos infectados com o HIV, independentemente do estágio da doença e da contagem das células de defesa CD4.

A mudança começa a valer amanhã, com a publicação da portaria no "Diário Oficial da União".

O governo também estuda oferecer a medicação a pessoas sem HIV e risco maior de contrair o vírus, como usuários de drogas. Em 2014, o ministério vai iniciar uma pesquisa para avaliar a estratégia.

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No protocolo anterior do SUS, os antirretrovirais só eram oferecidos a quem desenvolvia a Aids e tinha menos de 500 CD4 (células de defesa do organismo) por milímetro cúbico de sangue.

No início de 2013, o tratamento também incluiu outros grupos, como casais sorodiscordantes (em que um dos parceiros tem o vírus) e pacientes que têm outras doenças (como tuberculose).

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

Além do Brasil, só EUA, França e Reino Unido recomendam o uso dos remédios para todos os soropositivos.

Segundo o infectologista Artur Timerman, o tratamento é bom para a pessoa infectada e para a comunidade, já que a droga reduz a chance de transmitir o vírus. "Não há outro método que reduza a transmissão do HIV de forma tão eficaz como o tratamento das pessoas infectadas."

Um dos receios ligados à terapia precoce tinha a ver com os efeitos colaterais, como alterações metabólicas. Timerman, porém, diz que remédios menos "poderosos", usados logo após o contágio, causam menos danos.

O único problema da estratégia, afirma, é o possível uso irregular dessas drogas, o que pode levar à resistência.

Segundo o ministério, 313 mil pessoas recebem as drogas pelo SUS e outras 100 mil devem se beneficiar da ampliação em 2014. Ao todo, 718 mil pessoas têm HIV no país.

A iniciativa é parte do orçamento de R$ 1,3 bilhão do ministério para Aids em 2014. Em 2013, o orçamento foi de R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 770 milhões para remédios contra doenças sexualmente transmissíveis

O ministério também anunciou que um teste que detecta o vírus por meio de uma amostra de saliva será vendido por R$ 8 nas farmácias a partir de fevereiro.

PREVENÇÃO

Em 2014, o governo vai iniciar um estudo de profilaxia pré-exposição, que consiste no uso diário dos antirretrovirais para prevenir a transmissão do HIV entre grupos com risco elevado de contrair o vírus, como gays, profissionais do sexo e usuários de drogas.

O estudo será feito no Rio Grande do Sul com um remédio desenvolvido pela Fiocruz e chamado de "três em um".

O medicamento, segundo o diretor do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, é semelhante ao Truvada, droga aprovada para fins profiláticos nos EUA no ano passado e que ainda não é usada no Brasil.

Outra pesquisa, coordenada pela Fiocruz e feita pela USP e o Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo, vai avaliar como implementar o Truvada no país para evitar a transmissão do HIV em populações mais vulneráveis.


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