Folha de S. Paulo


Com danças na esteira e na piscina, academias tentam manter alunos entretidos

Para vencer a preguiça e a monotonia dos exercícios repetitivos, as academias estão reinventando atividades tradicionais com coreografias, trilhas sonoras de filme e muito rebolado.

No cardápio de novidades das grandes redes de São Paulo e do Rio, o ingrediente principal é sempre a música.

"A indústria do fitness passou a ser a indústria do entretenimento. Tem que divertir, acima de tudo", diz Dudu Netto, diretor técnico da rede Bodytech. "É preciso distrair o aluno para não fa­zer com que ele pense que exercício físico é sacrifício e dor."

Ou seja: manter um aluno matriculado e motivado na aca­demia hoje significa fazê-lo não pensar que está em uma academia.

Zé Carlos Barretta/Folhapress
Alunos praticam caminhada com coreografia na esteira na Bodytech
Alunos praticam caminhada com coreografia na esteira na Bodytech

A caminhada na esteira ganhou uma aula nas unidades da Bodytech de São Paulo e do Rio com coreografias que en­volvem saltos e rebolado ao som de rock, samba, hip-hop e trilhas de filmes como "Moulin Rouge" e "Grease".

A Walking Dance lembra uma versão menos "ambiciosa" do clipe da música "Here It Goes Again", da banda Ok Go, lançado em 2006 e que tem quase 19 milhões visualizações no YouTube.

Só não é o exercício ideal para quem não põe os pés em uma academia há muito tempo. A aula faz um aluno gastar cerca de 600 calorias em 50 minutos e exige um bom condicionamento físico, além de coordenação motora.

Zé Carlos Barretta/Folhapress
A atriz Carol Greco, 27, em aula de Walking Dance
A atriz Carol Greco, 27, em aula de Walking Dance

Segundo a bailarina e professora da Bodytech Eliane Toledo, a atividade trabalha o equilíbrio e aumenta a percepção corporal, além de ser um treino cardiorrespiratório forte. "Ali é preciso se concentrar nos movimentos. Na esteira, a pessoa às vezes entra no automático", diz.

A Bodytech ainda vai lançar em 2014 a aula Zumba Step, que resgata o exercício de subir e descer um degrau --famoso nos anos 90 e que quase sumiu das academias-- e o mistura com a dança de ritmos latinos que surgiu nos Estados Unidos e invadiu o Brasil há cerca de três anos.

A ideia é levar um pouco do gingado da dança para o step, numa atividade que cause pouco impacto para os joelhos, segundo Netto.

A zumba também está sendo usada na rede Competition, em São Paulo, para incrementar a hidroginástica. O resultado é a Aqua Zumba, uma aula mais vigorosa e, ao mesmo tempo, descontraída.

Zé Carlos Barretta/Folhapress
A professora Daniela da Silva dá aula de Aqua Zumba na Competition
A professora Daniela da Silva dá aula de Aqua Zumba na Competition

"É bom para fugir daquela repetição '1, 2, 3' da musculação", diz a decoradora Valéria Sereno, 41, que já foi dançarina de jazz.

Até as aulas de luta entraram na dança. Na Bio Ritmo, o Body Combat tem trilha sonora de filmes como "Piratas do Cari­be" e "Kill Bill" e leva os mo­vimentos dos personagens do cinema para o treino.

Segundo Saturno de Souza, diretor técnico da Bio Ritmo, todas essas são formas de reter o aluno na academia.

"O sofá é sempre mais atraente. É preciso criar situações para que as pessoas acordem mais cedo ou venham para a academia depois de um dia estressante. Não é um desafio fácil."

Mas a música sozinha não garante a frequência do aluno. É preciso que a trilha sonora seja adequada para o público de cada aula e que a atividade dê resultado --para a maioria, isso significa perder peso, diz Souza.

"Podem inventar o que quiserem, mas, se não der e mantiver os resulta­dos, cai no desgosto dos alu­nos."


Endereço da página: