Folha de S. Paulo


'Cheguei a ficar oito horas no banho', diz a atriz Luciana Vendramini

"Eu me lembro perfeitamente do dia em que começou o meu TOC. Eu tinha 24 anos, estava andando de bicicleta na lagoa [Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro] e não consegui parar: precisava dar mais e mais voltas. Pedi ajuda, consegui parar, mas fiquei superangustiada.

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No dia seguinte, adotei outra mania. Tive todas as da cartilha e mais umas novas.

Eu tinha o que chamam de pensamentos intrusivos sincronizados: precisava imaginar algo bom junto com uma ação --enquanto lavava as mãos, devia pensar em coisa bacana. Daí vinha um pensamento ruim e eu tinha que lavar a mão de novo.

Nessas, cheguei a ficar 24 horas repetindo manias. Eram quatro movimentos: acordar, tomar banho, almoçar e dormir. Só no banho levava umas oito horas. Era um negócio que me engolia.

Você fica fazendo essas palhaçadas, que são as manias, não consegue parar, mas sabe que são ridículas. É uma viagem lúcida.

Fiquei três anos exilada: celibato, clausura, era praticamente uma carmelita. Só convivia com meus pais, minha irmã e quatro amigos, que me ajudaram nessa época.

Levei uns dois anos até ter o diagnóstico e começar a me tratar e mais um ano para ficar bem. Só é engraçado quando passa. Mas, também, depois de tudo isso você fica uma pessoa menos chata, para de reclamar da vida."

Luciana Vendramini, 40, atriz e produtora


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