Folha de S. Paulo


O ginasta Diego Hypólito conta como criava rituais para 'aliviar' o estresse

"Eu deixava de fazer muitas coisas por causa de meus pensamentos negativos. Pisar em linha era a pior.

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Eu andava na rua e pensava: 'se pisar nessa linha, vai acontecer alguma coisa errada'. Eu tentava afastar o pensamento ruim, mas era mais forte que minha vontade. Eu me jogava na calçada, passava vergonha, mas não pisava.

Adriano Vizoni/Folhapress
Diego Hypolito no clube Pinheiros, em São Paulo
Diego Hypolito no clube Pinheiros, em São Paulo

Eu criava regras na minha cabeça, a maioria ligada a competições. Achava que os rituais aliviavam o estresse. Por muitos anos usei sempre a mesma roupa quando ia competir. E precisava raspar o cabelo. Os patrocinadores pediam para eu não raspar, mas não dava.

Tive também manias passageiras. Uma delas era piscar e usar as duas mãos para cumprimentar um adversário. Outra era pegar um objeto primeiro com a mão direita, colocar de novo no lugar, e daí pegar com a esquerda. Tinha que ser dos dois lados.

Eu também tenho de bater três vezes no dente quando penso que vai acontecer algo de ruim com alguém da minha família. Hoje faço isso só de vez em quando, mas antes era um ritual: repetia as três batidas por três vezes e, se os dedos encostassem na gengiva, fazia tudo de novo.

Há pouco tempo, peguei o tique de ficar piscando antes da competição. Achava que era uma proteção para mim, mas atrapalhava. Trabalho minhas manias na terapia, já me livrei de 95% delas."

Diego Hypólito, 26, ginasta


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