Folha de S. Paulo


'Tempo é ouro', diz socorrista sobre tecnologia que salva vidas em UTIs

Na linha de frente para salvar vidas em um serviço de ambulância que atende emergências no Recife, a enfermeira Tatiane Aquino, 36, descobriu o valor da tecnologia.

Aprendeu no dia a dia estressante que tempo é tudo na hora de prestar os primeiros socorros a um paciente.

"Eu tenho menos de cinco minutos para tirar um paciente do estado crítico para trazê-lo de volta e dar uma qualidade de vida melhor para quando ele se recuperar. Se eu tiver um equipamento em me faz gastar menos tempo, é um diferencial no final", afirma.

Renato Stockler/Na Lata
Enfermeira Tatiane Aquino, 36, trabalha na Mais Serviços em resgates e usa respirador da Magnamed
Enfermeira Tatiane Aquino, 36, trabalha na Mais Serviços em resgates e usa respirador da Magnamed

Há dois anos trabalhando na Mais Vida Serviços de Saúde, que realiza remoções na capital e também no Estado de Pernambuco, ela conta hoje no serviço com respiradores portáteis Oxymag, equipamento desenvolvido pela Magnamed, fundada por Tatstuo Suzuki, finalista do Prêmio Empreendedor Social 2016, que está com votação aberta para a categoria Escolha do Leitor.

Veja os vídeos e eleja seu favorito

Tendo passado pela rede pública, a enfermeira viu de perto as deficiências do sistema e o diferencial de ter as ferramentas adequadas para salvar vidas.

Leia seu depoimento à Folha.

*

Desde criança, eu gostava de cuidar das pessoas. Minha mãe conta que pequenininha, se tinha alguém doente, um bichinho, eu estava lá para cuidar.

Quando fui fazer a graduação, era esse o intuito. Que eu pudesse, de alguma forma nesse mundo, ajudar o meu próximo.

A enfermagem em si está muito na linha de frente, junto com o médico. A profissão não é fácil.

Muitas vezes, voltei para casa chorando. Soluçava. Lembro do meu primeiro paciente, eu fazia de tudo, massageando [o coração] e ele não respondia. Eu falava para ele: "O senhor está desistindo, não quer responder a mim?" E o médico ao meu lado, me consolava: "Tati, ele não responde mais".

Já são 12 anos nisso e amo estar no meio de uma remoção, atrás de um paciente. Fico muito feliz quando tudo sai bem. E ainda fico péssima quando não sai, me abalo.

Uma situação que ficou na minha mente foi a de um japonês que estava no porto de Suape. Ele veio para o Brasil para fazer uma montagem, quando aconteceu um acidente. Caiu de cabeça de uma profundidade de mais ou menos quatro metros.

Ele foi socorrido e levado para o hospital mais próximo. Lá ele teve os primeiros socorros, mas precisou ser transferido. Precisava de uma UTI, de um respirador, de equipamentos mais modernos e adequados para a situação dele.

Foi aí que nós da Mais Saúde fomos acionados, pois ele precisava passar por uma cirurgia grande no crânio.
A gente trouxe ele de Cabo de Santo Agostinho [onde fica o porto] para Recife, mais ou menos 25 km. O trânsito estava infernal e ele, gravíssimo, ficou todo o tempo no respirador, o que diferenciou nosso atendimento.

Ele foi bem atendido, mas infelizmente veio a falecer pela gravidade da situação. Naquele momento, nos preocupamos apenas com ele, os equipamentos nos deram todo o suporte. Ele estava monitorado, sendo medicado e transportado adequadamente. Isso faz diferença. Fizemos tudo que estava ao nosso alcance.

CINCO MINUTOS

Uma equipe que trabalha com urgência e emergência, em serviços de resgate, remoção, transferência ou dentro de uma emergência mesmo, precisa de equipamentos que sejam de fácil manuseio, ágeis, objetivos, que não sejam pesados.

O Oxymag [respirador da Magnamed] se diferencia nesse sentido. Não adianta você ter o paciente em uma situação extrema, que precise entubar, colocar uma ventilação auxiliar, se eu tiver que perder tempo com configurações do equipamento e em checar se a bateria está carregada.

Alguns equipamentos são complicados, o Oxymag, não. É só prestar atenção se é adulto ou criança, ele já dá os parâmetros, você liga e o paciente começa a respirar. É disso que eu preciso. No dia a dia, no estresse da correria, faz toda a diferença.

Eu tenho menos de cinco minutos para tirar um paciente do estado crítico para trazê-lo de volta e dar uma qualidade de vida melhor para quando ele se recuperar. Se eu tiver um equipamento que me faz gastar menos tempo, é um diferencial no final.

A gente trabalha contra o tempo, que parece escorrer pelas mãos. Equipe de emergência é um pessoal que corre muito e pensa a mil por hora.

O que puder prevenir para que na hora não aconteça, a gente vai prevenir. Tempo é ouro, quanto mais otimizado, mais tecnologia para ajudar a otimizar esse tempo, melhor.

FALTA ACESSO

Infelizmente, a tecnologia ainda fica para quem tem poder aquisitivo. Muitas vezes não temos esse aparato e aí não se sabe o que fazer.

Com o passar dos anos, você se desgasta, se debate muito com o sistema. E o paciente é sempre o mais fragilizado naquele momento.

Muitas vezes, pela demanda, eu tenho que tirar o respirador da ambulância e levar para a unidade [hospitalar]. É um equipamento que atende a necessidade não só de remoção, de ambulância, mas também de tratamento intra-hospitalar.

A maioria dos hospitais, principalmente de rede pública, é muito carente. Os profissionais de enfermagem e médicos que estão na linha de frente, nas emergências no Estado, sofrem com carência de equipamento, de material, de leito e até de espaço físico.

Como profissionais, a gente fica de mãos e pés atados, quando falta um equipamento adequado, um ventilador, monitorização ou medicação. Muitas vezes, a gente tem que escolher quem está menos grave. Uma decisão médica, de equipe, que não é fácil. Por isso, temos um sistema que precisa muito ser melhorado.


Endereço da página:

Links no texto: