Folha de S. Paulo


Grupo abandona a vida em SP para viver em comunidade e cria instituto de sustentabilidade em GO

Um grupo de jovens composto por advogados, agricultores, médicos, cozinheiros, jardineiros, arquitetos e, principalmente, sonhadores resolveu trocar a vida de trabalho e consumo da cidade de São Paulo para viver de forma natural e sustentável em Alto Paraíso, interior de Goiás.

Juntos, rodaram o interior de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, mas encontraram na região da Chapada dos Veadeiros o local para se estabilizar. Lá conheceram outras pessoas que compartilhavam das mesmas ideias e então surgiu o IBC (Instituto Biorregional do Cerrado).

"Comecei a perceber em São Paulo que alguma coisa estava fora da ordem. Tinha algo de errado no sistema de consumo e de como as pessoas cuidam da saúde, sempre recorrendo à alguma coisa externa, remédio ou médico", conta Luís Felipe, associado do IBC.

O instituto nasceu com o objetivo de promover um estilo de vida mais integrado à natureza, usando conceitos de economia solidária e permacultura – sistema agrícola autossuficiente e de baixo impacto ambiental. Além de difundir tecnologias socioambientais, o grupo pretende criar novos saberes que possam contribuir para um mundo mais justo, viável, harmônico e sustentável. Juntos, realizam mutirões, cursos, oficinas e vivências. Eles se consideram "um grupo especializado na cultura da sustentabilidade".

Luís conta que, no início das viagens, começou a ir aos finais de semana para próximo à natureza com intuito de conhecer os locais. Foi quando percebeu a vida que estava levando na capital paulista e como poderia viver em comunidade e construir com mais qualidade de vida.

"Não precisava ficar em São Paulo trabalhando para ganhar um dinheirão e gastando um dinheirão. Poderia viver simples, ganhar menos, gastar menos, mas ter mais qualidade de vida, mais saúde, ser mais feliz", diz.

O IBC também utiliza materiais naturais ou reaproveitados para a construção, como barro, madeira, fibras e garrafas pet. "Temos que começar a repensar o círculo da vida. Respeitar a água que bebemos, a comida que comemos, agradecer esse momento e retribuir a terra com orgânicos", acredita Andrea Marques, associada do IBC.

Outra forma utilizada por eles para se conectarem à terra e não prejudicá-la é o banheiro seco. "Comemos as frutas e legumes [plantadas] aqui, vamos ao banheiro seco e 'descomemos' tudo. Depois de três meses, aquilo volta à terra para as frutíferas e para os locais onde vamos plantar. Isso voltará a ser um alimento para nós", explica Felipe.

Por meio do instituto, o grupo trabalha para difundir o estilo de vida e para despertar à consciência das pessoas sobre a importância de preservar a natureza. "Permacultura é um jeito de ver a vida, a terra, o local e o desenho dele equilibradamente em harmonia para gastar menos energia e ser sustentável. É um ciclo", considera Felipe.

Andrea aponta os diferencias que decidiram adotar na nova vida longe da cidade. "O novo mundo para mim é conseguirmos ser mais companheiros e olharmos mais para os lados. Juntos criarmos isso, todo mundo vai cuidar das crianças, da alimentação e até construindo a casa do nosso amigo. É a essência de antigamente que se perdeu", diz.

Veja vídeo

Até a abertura da Copa do Mundo, o Imagina na Copa vai contar 75 histórias de jovens que estão transformando o Brasil para melhor.
Os vídeos serão publicados no site Imagina na Copa e aqui, no Empreendedor Social.


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