Folha de S. Paulo


Irmãos criam 'Copa do Mundo' para crianças cadeirantes

Dois irmãos gaúchos, da cidade de Novo Hamburgo, criaram um campeonato de futebol especial para crianças da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) de Porto Alegre, o Bota do Mundo.

"O Bota do Mundo é a Copa do Mundo para crianças que nunca chutaram uma bola de futebol na vida", explica Daniel Mattos, publicitário e cofundador do projeto.

Para participar do torneio, Daniel e o irmão Diego convidaram 16 crianças cadeirantes e 16 ídolos dos clubes Grêmio e Internacional. Eles formaram duplas representando os países que disputarão o Mundial deste ano no Brasil.

O Bota do Mundo foi inspirado na iniciativa de um pai mineiro que, para realizar o sonho de seu filho, que não tinha movimentos nas pernas, criou uma bota especial para que os dois se tornassem um jogador só e, assim, disputassem partidas com os coleguinhas de escola do garoto.

"Entramos em contato com esse pai e o convidamos para fazer algo maior, que atinja mais crianças, com um campo de futebol de verdade, vestiários e torcidas", conta Daniel.

Em um clima lúdico, as 16 duplas disputaram um campeonato de pênaltis no Estádio do Vale, do E. C. Novo Hamburgo, em dezembro.

"O momento mais emocionante desse dia foi quando uma criança, que estava competindo e preocupada se ia fazer o melhor chute ou não, chutou, e o goleiro defendeu. O mestre de cerimônias saiu correndo e falou: "E aí, o que tu acha que aconteceu?", relembra Daniel.

O jogador mirim respondeu: "Tentei tudo que eu pude ali, tentei com o meu ajudante que falou para chutar na esquerda, tentei chutar na direita e pensei que ele [goleiro] ia na esquerda. Mas não consegui fazer o gol da vitória".

"A razão pela qual nós trabalhamos é deixar essas crianças felizes", afirma o cofundador Diego.

MALUCOS E DO BEM
O campeonato das crianças nasceu de um projeto de impacto social criado em março de 2013 por Daniel e Diego, o Smile Flame. "Ele existe para criar projetos com impacto positivo na sociedade por meio da felicidade. Em outras palavras, a gente faz projetos malucos e do bem", diz o publicitário.

Tudo começou com a ideia de realizar um campeonato de skate dentro de um asilo. "Levamos skatistas para um asilo e tentamos integrá-los com os velhinhos", conta Diego. Depois disso vieram várias ações, como cortes de cabelos e entrega de perucas coloridas para crianças que estão em tratamento contra o câncer e uma corrida só para cadeirantes.

Daniel destaca os ganhos que ele e seu irmão tiveram quando começaram a atuar na área de impacto social. "Não existem concorrentes, todos que fazem algo legal são nossos parceiros. Acreditamos que o mundo precisa de mais ações como essas."

"Fazemos questão de espalhar a felicidade por mais lugares, de forma divertida e descontraída, e, no final das contas, há esse grande impacto para crianças e adultos", afirma.

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Até a abertura da Copa do Mundo, o Imagina na Copa vai contar 75 histórias de jovens que estão transformando o Brasil para melhor.
Os vídeos serão publicados no site Imagina na Copa e aqui, no Empreendedor Social.


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