Folha de S. Paulo


Brasil é referência em inovação social

O Brasil pode se considerar um ponto de referência em termos de inovação social no cenário global - o país é um dos principais geradores de tendências no mundo. Percebemos isso a cada professor ou pesquisador que trazemos para cá com o propósito de promover troca de experiências entre diversos empreendedores e o que há de mais importante sendo estudado no mundo acadêmico.

Um dos estudiosos que recentemente passou por aqui e ficou impressionado foi o professor Max Oliva, diretor de gerenciamento de impacto social da IE Business School e um dos fundadores do Impact Hub Network International, que reúne 37 espaços e mais de 6.000 empreendedores ao redor do mundo.

Acostumado a viajar o planeta tratando de inovação social, Max foi categórico ao apontar o diferencial dos empreendedores brasileiros. "Sou um grande admirador do Brasil nos temas sociais. Seja da perspectiva dos empreendimentos sociais ou de negócios, há uma consciência profunda e enraizada em não apenas ganhar dinheiro mas também em fazer algo pelo país".

Assim como em Max Oliva, o que gera essa admiração nos empreendedores e pesquisadores de outros países é o fato de o Brasil ser um dos lugares em que os empreendedores sociais mais trabalham para reduzir as desigualdades de renda. E isso coloca os empreendimentos sociais realizados aqui - ao lado dos elaborados na Índia - como referências mundiais.

Cada interessado no tema, quando volta sua atenção ao Brasil, tem seu olhar capturado por projetos interessantes, sejam aqueles em estágios muito iniciais ou os que decorrem de mais de dez anos de consciência em empreendimentos sociais.

Outro ponto que referencia o Brasil mundialmente são seus quadros - como comprovam inovadores sociais atuando junto a instituições de ponta como Ashoka, Artemisia e o próprio Impact Hub (como confidenciou Max Oliva). Esses empreendedores têm levado mundo afora o comprometimento, a qualidade e a diversidade que caracterizam os projetos brasileiros.

Na IE Bussiness School, uma pergunta recorrente é quais são os setores em que há mais espaço para inovação social, principalmente em países emergentes. Nossa crença é que os setores ditos "clássicos" - o combate à escassez de água, o fomento à educação, melhor produção e utilização de alimentos e fornecimento de moradia - são os que ainda merecem mais atenção, embora demandas e oportunidades não estejam restritas a esses temas.

Porém, em comum a todos, e globalmente, está o desafio de transformar projetos de inovação social em modelos de negócio e proposição de valor.

Daniela Mendez é country manager da IE Business School no Brasil


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