Folha de S. Paulo


Fintech oferece cartão pré-pago que gera economia em consultas médicas

Danilo Verpa - 6.abr.2014/Folhapress
Fila para atendimento de pacientes com suspeita de dengue em tenda ao lado da UBS Jardim Vista Alegre, zona norte de SP
Fila para atendimento de pacientes com suspeita de dengue em tenda instalada ao lado de UBS em SP

Após cair em casa, Getúlio Caldas, 67, quebrou o fêmur e precisou colocar uma prótese no quadril e uma barra de titânio na coxa. Isso faz dois anos e até hoje ele precisa de fisioterapia para o tratamento.

"Fiquei seis meses de cama e tem um ano e sete meses que faço fisioterapia", relata. "Tive que aprender a andar de andador, de muleta e, agora, de bengala." Ele aguarda desde então que o tratamento seja oferecido pelo SUS, mas não consegue uma vaga. As sessões particulares custariam R$ 70 cada.

Custariam, pois com um cartão pré-pago, ele acessa o tratamento, na mesma clínica, por R$ 105 a semana. Isso garante sua recuperação. "Se não estivesse fazendo fisioterapia, já estava entrevado."

O produto foi lançado pela TEM, fundada por Igor Pinheiro, Tuca Ramos, Gláucia Saffa e Fernanda Ferraz. Eles saíram do mercado de seguros para fundar o negócio, classificado com fintech –organizações que unem soluções financeiras com tecnologia.

O cartão, distribuído em lojas de varejo, funciona de forma similar ao de conta-corrente. Há a contratação de um pacote, e o preço da mensalidade (entre R$ 19,90 e R$ 21,90) varia conforme os serviços de conveniência oferecidos.

"Observamos uma oportunidade e um espaço grande de mercado. É uma solução alternativa para pessoas que foram perdendo plano ou nunca tiveram", explica Saffa "Hoje, no mercado de seguro saúde, os prêmios são altos e caros. Para os consumidores, os ajustes estão aumentando e eles não conseguem mais pagar", complementa Pinheiro.

Os tratamentos oferecidos, no entanto, são da mesma qualidade independentemente do pacote contratado, esclarece Saffa. A economia varia de 30% a 70%, mas, segundo a sócia, precisa ser de no mínimo 20%. "Tem que ser uma diferença sensível ao consumidor."

Por outro lado, não há tabela pré-estabelecida para os médicos porque o objetivo não é precificar. "Olhamos muito o que essas clínicas populares praticam para oferecer valores parecidos. E há profissionais mais caros que saem mais baratos para nossa rede."

Para utilizar, o cliente, além da mensalidade, precisa recarregar o cartão, de maneira similar aos chips pré-pagos de telefone celular. "Funciona como uma rede de saúde onde negociamos com cada parceiro o preço, e o usuário do cartão faz as recargas." Atualmente, essa rede conta com 4.000 unidades de atendimento, 22 mil tipos de serviços e 11 mil farmácias.

Divulgação
Equipe de fundadores da fintech TEM, que lançou cartão de saúde pré-pago
Equipe de fundadores da fintech TEM, que lançou cartão de saúde pré-pago

EXPANSÃO

A TEM contabiliza 1,5 milhão de cartões emitidos desde o início da operação em fevereiro de 2015. O tamanho da fintech, que iniciou operação em fevereiro de 2015, foi catapultado pela Natura, que irá oferecer o serviço a 1,2 milhão de consultoras por todo o país no início deste ano.

A parceria já funciona como projeto piloto em Porto Alegre e São Paulo. "A gente fez em 2014 o IDH da consultora Natura. Esse estudo provou que poderíamos, como empresa, ter outros benefícios para alavancar o IDH tanto em educação como em sáude, que só proporcionar renda e autoestima não era suficiente", explica Cida Franco, diretora de Relacionamento da empresa.

Os testes foram feitos durante o ano passado, o que veio em boa hora para Erenilce Santana, 42. "Tive uma alteração no útero e todo mês estou fazendo acompanhamento. A doutora falou que não é grave, é um lioma, mas, se não cuidar, vira câncer." As consultas que sairiam por R$ 250, agora custam R$ 73.

Outra virada na trajetória da TEM foi o investimento realizado pela Vox Capital ainda no início da operação, em março de 2015, que é acionista da empresa. "Com isso, fizemos algumas transformações no modelo de negócio", diz Saffa. "Começamos como uma administradora de cartões e evoluímos para análise de dados, se posicionando mais como fintech."

"É a única solução financeira para o mercado de saúde e que traz inovações o tempo todo em tecnologia nesta área com o objetivo de melhorar relação do consumidor com a saúde", afirma Saffa. "É para trabalhar na consciência do consumidor."


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