Folha de S. Paulo


Coro de crianças refugiadas e artistas emocionam público em premiação

Músicas conhecidas do público ganharam novo significado durante a cerimônia do Prêmio Empreendedor Social 2017, nesta segunda-feira (6), em São Paulo, ao serem entoadas por crianças refugiadas, de quatro a 12 anos, vindas de países como Síria e Palestina.

Elas deixaram para trás desastres naturais, guerras, fome, perseguição política e hoje formam o coral Coração Jolie.

No palco do evento, vestidas de branco, emocionaram o público, impelido a acompanhar trechos de "Heal The World", do Michael Jackson, em inglês, intercalado com a versão brasileira, escrita pelo Roupa Nova: "Só o amor muda o que já se fez / E a força da paz junta a todos outra vez".

Do Jota Quest, "O Sol" também mudou de sentido na voz das crianças. "Ei dor, eu não te escuto mais / Você não me leva a nada / Ei medo, eu não te escuto mais / Você não me leva a nada."

Menos conhecida, mas intimamente ligada ao refúgio, a canção "Um Novo Lugar", da Xuxa, dizia que "Não importa de onde vem / Não importa raça, cor, religião pra ser do bem". E foi acompanhada pelas palmas de pé do público, fechando a apresentação.

APRESENTAÇÃO ENGAJADA

"Vocês têm 30 segundos para se recuperar", brincou o jornalista Zeca Camargo, apresentador do evento ao lado da atriz Taís Araújo, que, junto com a plateia também se recompunha após o coro.

O envolvimento da dupla com a temática da noite marcou sua trajetória na televisão e outras ocasiões do encontro.

"Nesse momento no qual estamos tão desacreditados com o Brasil, participar de uma noite onde só tem gente fazendo coisas boas, me dá esperança", disse Taís, no camarim.

"Vemos uma parcela da sociedade que deveria ter acesso aos investimentos do governo, e, mesmo não tendo, trabalha e movimenta a base da economia. A mudança vem daí."

Segundo ela, seus papéis como atriz refletem seus desejos pessoais e retroalimenta a sua carreira. "O quanto eu trabalho para que a sociedade melhore faz de mim uma atriz melhor."

Para Zeca, há cada vez mais reconhecimento de iniciativas voltadas para o social. "As pessoas descobriram que esses exemplos precisam ser estimulados. Não só empresas que já atuam há anos, mas também os jovens que estão criando novos projetos", disse o jornalista, nos bastidores. "Quero conhecer essas pessoas que estão levando adiante a ideia de olhar para quem precisa."

Novata em participar de premiações com cunho social, a cantora paulistana Tiê abriu o evento com "Sweet Jardim", música do seu primeiro disco, e fechou o pocket show com outras três: "Quero", "A Noite" e "Amuleto", as duas últimas do seu mais recente trabalho, "Gaya".

Segundo ela, que já conhecia o Empreendedor Social, as canções falam de "um mundo melhor" e tem um "viés positivo", que marcam também a proposta do prêmio.

"Começa de cada um a iniciativa de arregaçar as mangas e fazer o que pode para melhorar o país", disse Tiê pouco antes de subir ao palco.

'SONHO POSSÍVEL'

Ainda antes de finalmente conhecer o nome do ganhador da noite, Zeca Camargo lançou uma questão a todos. "Você sabe qual é a sua missão?"

Quem respondeu a pergunta foi o ator Cleto Baccic, que, interpretando o famoso personagem Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, passeava pelas cadeiras do teatro com a música "O Sonho Impossível", em sua voz grave e contundente.

A cena do musical O Homem de la Mancha ilustrou o ideal desses empreendedores, um tipo particular de sonhador, que puxa para si a missão de resolver os problemas sociais. No caso brasileiro, lutando contra muitos moinhos de vento.

"Minha história e a do Miguel de Cervantes dialogam com isso, de tentar fazer a sua parte", disse o ator, que fundou um teatro inclusivo, enquanto se arrumava para vestir a armadura do personagem. "Quando eu criei um projeto social, as pessoas olhavam e diziam 'Você está louco'. Mas por que não? Temos que sair na rua gritando que isso existe. Que sim, dá para fazer."

Seguindo então os versos "O mundo vai saber que um homem cumpriu seu papel", Valdeci Ferreira, fundador da Fbac, federação que congrega prisões humanizadas, foi anunciado como o grande vencedor da 13ª edição do Prêmio Empreendedor Social, no Teatro Porto Seguro.

Ao fim da cerimônia, o público recebeu um exemplar do caderno especial em sacolas produzidas pela Rede Asta, que integra a Rede Folha, junto com sementes de algodão orgânico, como parte de uma ação apoiada pelo Instituto C&A, ligado à varejista que já utiliza esse tipo de material sustentável em sua cadeia produtiva.

O prêmio, realizado pela Folha em parceria com a Fundação Schwab, tem patrocínio de Coca-Cola, IEL (Instituto Euvaldo Lodi) –uma iniciativa da CNI (Confederação Nacional da Indústria)– e Fundação Banco do Brasil. Conta com a Latam como transportadora oficial e o apoio do Instituto C&A e do Teatro Porto Seguro, além da parceria estratégica de ESPM, FDC, Insper e UOL.


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