Folha de S. Paulo


Projeto quer dar protagonismo ao jovem no debate por melhor educação

Na tentativa de aumentar a presença da educação no debate nacional, o Mapa Educação tem buscado mobilizar os jovens em atividades presenciais e virtuais. Cerca de 1,2 mil pessoas passaram por suas duas conferências e pelo lançamento do movimento.

Virtualmente, 35 mil pessoas acompanharam o debate com os representantes dos candidatos à Presidência em 2014; dois anos depois, nas eleições municipais, os vídeos em que os aspirantes a prefeito respondem demandas de jovens tiveram 850 mil visualizações.

Mapa Educação

"Ainda não podemos dizer que o Mapa trouxe resultados na qualidade da educação do Brasil, mas podemos dizer que estamos contribuindo para a relação entre política e educação", afirma Renan Ferreirinha, um dos fundadores do movimento.

Ex-secretária de Educação do Rio e colunista da Folha, Claudia Costin afirma que o grupo se tornou um espaço de discussão em que os diferentes lados têm voz, qualidade fundamental "nestes tempos tão polarizados".

Para ela, o Mapa ajuda na superação das lacunas educacionais do país ao estimular o engajamento dos jovens nesta temática. "Temos um problema: as crianças não estão aprendendo o que deveriam. Quando há protagonismo juvenil, quando o jovem se sente senhor da sua própria aprendizagem, isso garante a melhoria."

"Trazer os jovens para uma discussão sobre educação não é fácil. O que o Mapa faz não é raso. O movimento ouve todas as partes e tem representatividade. Esses meninos são ouvidos, são referências para outros jovens e se posicionam", completa a ex-presidente da Undime (entidade que reúne secretários municipais de Educação), Cleuza Repulho.

As duas gestoras participaram da conferência promovida em agosto deste ano, que também contou com a presença de Mario Volpi, coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

"Os jovens representam uma mudança geracional que o país precisa fazer. Temos muitas ideias consolidadas e a juventude vai ajudar a quebrar paradigmas e a produzir um modelo de educação no qual a aprendizagem seja mais importante que as estatísticas", diz Volpi.

PARTICIPAÇÃO

Neste ano, o Mapa foi eleito para ocupar a cadeira de Conjuve (Educação do Conselho Nacional de Juventude), órgão responsável por formular e propor diretrizes da ação governamental, voltadas para os jovens.

Os líderes do movimento, que são finalistas do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2017, também passaram a ser convidados para as audiências públicas na Comissão de Educação da Câmara de Deputados.

Para aumentar a capilaridade de sua presença, o movimento tem formado embaixadores pelo país; atualmente, são 72. Do total de 127 membros voluntários, 55 exercem funções específicas dentro do Mapa.

Um deles trouxe resultado prático. Em Nossa Senhora das Dores [em Sergipe, a 72 km de Aracaju], o estudante de letras Antônio Cardoso, 21, levou abaixo-assinado a todos os candidatos a prefeito pedindo que nomeações políticas deixassem de ser critério para escolher diretor de escola.

O candidato eleito, Doutor Thiago (PMDB), aceitou o pedido. Neste momento, o município analisa uma forma alternativa de seleção.

Apesar da organização já ser reconhecida e conhecida entre as principais instituições de educação e os formadores de opinião do país, os números do movimento ainda é tímido em termos de seguidores.

Hoje são 120 mil, considerando Facebook, Instagram e YouTube. Segundo Tábata Amaral, o plano não é crescer a qualquer custo.

"Queremos manter a consistência do nosso conteúdo, crescer de forma orgânica e nos associar a figuras populares em ações específicas."

Ela cita o apoio do apresentador Luciano Huck, que integra a Rede Folha de Empreendedores, que divulgou a conferência deste ano. "Sabemos que é um desafio. O tema educação não é sexy."

"O Mapa é formado por meninos e meninas muito preparados que têm um compromisso forte com a transformação do país e que entendem que a educação está no centro desta mudança", afirma Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Leman, um dos principais apoiadores do movimento.

"Eles não só estão fazendo barulho como também se preocupam em formar jovens e discutir com eles e estão conectando isso ao debate público mais amplo."


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