Folha de S. Paulo


Grandes empresas criam projetos de ação social em programa de aceleração

Reprodução/Yunus
Gabo Arora, senior advisor, filmmaker - ONU, ministrou palestra no terceiro módulo do programa Yunus Corporate Action Tank no Brasil
Gabo Arora, conselheiro sênior e filmmaker da ONU, ministrou palestra no terceiro módulo do programa

Mesmo as grande empresas, como Ambev, precisam de auxílio na hora de desenvolver seus negócios sociais. No ano passado, o programa Yunus Corporate Action Tank foi lançado no Brasil justamente com esse propósito.

A Ambev foi a primeira a sair com um projeto. A água AMA foi lançada em fevereiro e já está à venda online e nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Até o final do ano deve chegar a todo o país.

O programa da Yunus teve duração de um ano e foi encerrado no mês passado. Nos primeiros 3 meses, cada empresa enviou 2 ou 3 representantes para participarem de módulos de capacitação.

Participaram, além da Ambev, Randstad, Cosan, Santa Marcelina, Mattos Filho e Bank of America – este último como apoiador.

Os 9 meses seguintes do programa ocorreram dentro de cada empresa. Nesse período foi estudado a viabilidade financeira dos protótipos desenvolvidos na fase anterior, além de um plano de implementação. Apesar disso, as empresas não tinham obrigação de colocar os seus negócios em prática.

O objetivo de um negócio social é resolver um problema social e seu lucro é reinvestido na própria empresa. A Yunus Negócios Sociais Brasil, que criou o programa, esperava sair com pelo menos 2 cases reais fossem colocados em prática.

Todo o lucro obtido com a marca AMA será reinvestido em projetos sociais que tenham por objetivo combater a escassez de água no semiárido.

Para não ficar só na promessa, a Ambev já doou recursos para apoiar três dessas iniciativas, todas no Estado do Ceará. Serão atendidas comunidades nas cidades de Capistrano, Jaguaruana e Aiuaba, onde estão sendo construídos poços para levar água encanada à população.

"É a primeira vez que 100% do lucro de um lançamento [da Ambev] será reinvestido em prol da resolução de um problema social", afirma Evelin Giometti, gestora da área Corporativa da Yunus Negócios Sociais. "Trata-se de uma mudança de olhar do foco do negócio."

Ela explica que outros projetos ainda estão em fase de desenvolvimento pelas empresas e por isso ainda não podem ser divulgados. A versão 2017 do programa terá início em maio e vai até outubro. "De fevereiro a abril, vamos prospectar outras empresas interessadas para participar" explica Evelin.

"As empresas são os grandes players do nosso sistema econômico, tendo um papel decisivo na construção de nosso mundo e de cenários socioambientais. Queremos despertar as empresas para seu potencial de criar valor para a sociedade de uma forma ativa e integrada ao seu negócio."

Para a Yunus, esse é o pensamento chave para a resolução dos problemas sociais de maneira impactante e sustentável. A organização foi criada por Muhammad Yunus, agraciado com o Nobel da Paz em 2006. Natural de Bangladesh, ele é uma figura internacionalmente reconhecida pelos esforços na redução das desigualdades em seu país, onde fundou o banco Grameen, pioneiro em iniciativas de microcrédito.

O programa de incentivo a grandes empresas já havia sido lançado primeiramente na França e agora está sendo desenvolvido também na Índia.


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