Folha de S. Paulo


Material orgânico desperdiçado custa R$ 465 milhões à cidade de São Paulo

Danilo Verpa/Folhapress
CAIEIRAS - SP - 24.09.2015 - Vista do aterro sanitario lixão em Caieiras. Lixo de cidades paulistas viaja ate 200 km para ser depositado em aterros em outros locais, ja que nao possuem aterros sanitarios proprios. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, COTIDIANO)

Das 20 mil toneladas descartadas pelos paulistanos todos os dias, mais da metade (52%) é material orgânico. São restos de alimentos, frutas e podas de árvores que acabam indo parar no lixo, quando podiam ser "reciclados" por meio da compostagem. Esse desperdício custa R$ 465 milhões por ano, segundo cálculos de uma campanha para alavancar a prática no município.

A ação foi criada por um grupo de entidades para tentar mudar essa realidade. Nela constam objetivos e ações para tornar a compostagem parte do programa de governo da capital paulista. A ideia é pressionar o poder público a ampliar as políticas do setor.

Com esse objetivo, também foi criada uma petição online, que pretende angariar o apoio da população e sensibilizar os governantes para essa questão.

No fim de março, o grupo teve uma reunião breve com o vice-prefeito Bruno Covas, secretário de Prefeituras Regionais, que desde o início da gestão Doria é o responsável pela Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana). Os objetivos foram apresentados, e os participantes sugeriram a realização de um fórum temático sobre o assunto.

Na semana seguinte, foram recebidos para uma reunião com o chefe de gabinete da Amlurb, Carlos Oliveira. Ficaram combinados encontros periódicos para encaminhar os assuntos. Também acertaram a realização de algumas reuniões temáticas para tratar de assuntos específicos, como compostagem doméstica e compostagem nas escolas.

MORADA DA FLORESTA

Uma das organizações que participa da iniciativa é a ONG Morada da Floresta, que em 2012 organizou um seminário de compostagem em São Paulo. "Antes desse seminário, a prática estava no limbo do esquecimento e no mito de que não dá certo, devido a experiência mal sucedida de compostagem na Vila Leopoldina", explica o fundador, Cláudio Spínola, finalista do Prêmio Empreendedor Social 2016.

Uma das importantes conquistas do movimento foi a meta 92, que estabelecia a compostagem de todos os resíduos orgânicos produzidos pelas feiras de São Paulo. Foi essa diretriz que levou a criação do pátio de compostagem da Lapa, que, segundo Spínola é responsável por compostar 5 toneladas por dia.

Na gestão Haddad, Spínola foi convidado a elaborar um projeto-piloto de pesquisa e educação ambiental com 2.000 famílias. Nascia aí o projeto Composta São Paulo, que foi executado em 2014. O projeto piloto levou composteiras domésticas a mais de 7 mil habitantes. No entanto, ele foi descontinuado.

O projeto Composta São Paulo foi pago pelas concessionárias Loga e Ecourbis devido a obrigatoriedade que as empresas possuem de aplicarem 0,5% do valor contratual em projetos de Educação Ambiental e pesquisa. Procuradas as empresas e a Amlurb, órgão responsável pela limpeza urbana, não responderam à reportagem.

"Nesse momento, com a troca de gestão e com o dever da apresentação de um novo programa de metas senti a necessidade de fazer uma mobilização para mostrar ao prefeito Dória todos os benefícios da compostagem descentralizada como estratégia ecológica, econômica, social e educativa de gestão dos resíduos orgânicos produzidos na cidade", explica Spínola.


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