Folha de S. Paulo


Empresários juniores de 17 países discutem ideias para mudar o mundo

Uma nave com cerca de 3.200 passageiros deu partida nesta quarta-feira (20). Lançada pela Jesa (Agência Espacial de Empresários Juniores, na sigla em inglês), em Florianópolis (SC), ela leva um grupo de desistentes, que não acreditam mais no futuro da Terra, para uma jornada de transformação.

Com essa ideia, a Fejesc (Federação de Empresas Juniores do Estado de Santa Catarina), que integra a confederação nacional do setor, a Brasil Júnior, chamou a atenção dos milhares de participantes da quinta edição do JEWC (Conferência Mundial de Empresas Juniores, na sigla em inglês) para os problemas enfrentados atualmente.

O espírito, no entanto, passou longe do pessimismo. Com a analogia da nave espacial, a ideia não é fazer os jovens, vindos de 17 países, desistirem, mas inspirá-los a fazerem parte da mudança e "serem a transformação que eles querem ver no mundo", explica o presidente da federação catarinense, Yuri Kuzniecow, utilizando a máxima de Gandhi.

A presença budista também se deu com uma meditação de 20 minutos organizada pela Monja Coen Sensei, no fim da noite de abertura. "Precisamos nos preparar para sair da Terra. Para qual direção vamos?", questiona.

Para a jornada de quatro dias, segundo ela, é preciso estar em um estado de equilíbrio, e a meditação "dá a clareza para conhecermos nossas emoções e aprendermos a lidar com elas", conclui.

ELES SÃO O FUTURO

Para inspirar os milhares de empresários juniores, o evento começou com uma palestra de Michele Hunt, uma americana negra, pioneira em diversos cargos públicos que chegou a trabalhar diretamente com Al Gore no primeiro mandato de Bill Clinton (1993-1997).

"O mundo está quebrado. Nada está funcionando", afirma Michele, que largou tudo em Nova York para ter uma conversa séria com os jovens empreendedores.

"Precisamos nos levantar e tomar uma decisão. Não esperem as pessoas de 30, 40, 60 anos fazerem algo. Vocês são a geração mais brilhante, mais apaixonada e com muitas ferramentas para criar um mundo novo."

O reconhecimento veio também do presidente da McKinsey para América Latina, Nicola Calicchio. "Esse mundo que eles estão vivendo é fascinante. Tenho inveja dos meus filhos. Essa geração vai viver mais de cem anos", afirma.

Apesar do otimismo, o líder alerta: "Precisamos utilizar recursos de forma inteligente. A economia compartilhada é um dos caminhos mais importantes. Não faz sentido ter um carro e usar só poucas horas por dia."

Quem também acredita que esta é a geração que irá mudar o mundo é Mary Shuttleworth, uma professora sul-africana que já deu a volta ao mundo 13 vezes e esteve em 80 países.

"Ainda temos um longo caminho, mas avançamos", diz. "Temos que continuar. Nós podemos fazer do mundo um lugar melhor."

ESCOLHA CATARINENSE

Com apoio dos governos do Estado de Santa Catarina e da cidade de Florianópolis, o evento, em sua abertura, teve uma mesa de autoridades, com a presença do governador, Raimundo Colombo, e do prefeito da capital, César Souza Júnior.

No Estado, reconhecido polo de tecnologia e inovação, o programa Sinapse da Inovação incentiva ideias empreendedoras vindas tanto da universidade como de qualquer cidadão catarinense, segundo Colombo.

"O programa cria um processo de inovação em três pilares: a universidade, o jovem e o setor público que investe a fundo perdido."

A escolha de Florianópolis para sediar o evento está também ligada ao histórico de empreendedorismo no Estado. A capital catarinense é a segunda melhor cidade no país para empreender, segundo a pesquisa da Endeavor, parceira do Prêmio Empreendedor Social.

Com esse pano de fundo, além das belas praias conhecidas mundialmente, esses empresários juniores iniciaram uma jornada de transformação que não terá apenas palestras. "Eles vão colocar muito a mão na massa e passar o dia inteiro construindo", diz Yuri.

A repórter viajou a convite da organização da Conferência Mundial de Empresas Juniores


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