Folha de S. Paulo


Instituição quer criar 'Tinder' para parcerias entre 3º setor e empresas

Patricia Pamplona/Folhapress
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"Tinder" serve de modelo para aplicativo a ser criado por instituição para unir terceiro setor e empresas

A falta de comunicação é um dos principais desafios para que se formem parcerias entre negócios de impacto e empresas.

A conclusão é do relatório "O Poder das Sinergias - Parcerias Entre Empreendedores Sociais e Empresas", lançado nesta quinta-feira (14), pela FDC (Fundação Dom Cabral).

Para solucionar o entrave, a instituição, parceira do Prêmio Empreendedor Social, vê como saída a criação de uma plataforma nos moldes do 'Tinder', aplicativo de paqueras pelo qual, em alguns segundos, decide-se um potencial encontro amoroso.

"A ideia é criar um sistema que avalie o potencial de uma parceria para os dois lados de uma maneira muito rápida", explica o professor Heiko Spitzeck, um dos autores do relatório e mentores do aplicativo adaptado aos negócios sociais.

Por causa de ruídos ou má comunicação, as cooperações acabam acontecendo ao acaso, sem foco nos potenciais benefícios gerados quando o grande empresariado se conecta com empreendedores sociais.

A vantagem de um acordo planejado e com "match" de perfis, segundo o professor, é que "o empreendedor pode gerar receita e ganhar escala e a empresa, reduzir os custos".

Essa relação de "ganha-ganha" é comprovada com cases apresentados ao longo da pesquisa, que demonstram como o recurso do setor privado pode ser melhor aproveitado em investimentos sociais.

"As empresas têm orçamento para os temas de sustentabilidade, que normalmente é aplicado em programas nem sempre muito eficientes", afirma Spitzeck. "Ao mesmo tempo, existem empreendedores sociais que trabalham com esses temas, com modelos que geram um pouco de lucro, mas que precisam escalar as operações."

Um dos exemplos do estudo é a parceria entre a maior montadora do mundo, a Toyota, e Raízes Desenvolvimento Sustentável, finalista do Prêmio Empreendedor Social de Futuro em 2012.

No fim de 2014, a Raízes, negócio social que busca soluções sustentáveis de desenvolvimento local, foi procurada pela Toyota quando a montadora sentiu a necessidade de reposicionar a comunicação de seus projetos de sustentabilidade.

"A Toyota tem projetos ótimos, mas divulga pouco. Então fizemos um estudo de como as outras empresas fazem isso e como eles poderiam expandir", explica Mariana Madureira, fundadora da Raízes e integrante da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

O ganho para o negócio social foi, principalmente, o aprendizado. "Trouxe um conhecimento de como trabalhar com uma indústria gigante e também de levar as práticas dos grandes para os pequenos empreendedores", diz Mariana.

O professor Spitzeck aposta que as parcerias, daqui a cinco anos, tenham sucesso semelhante ao do Yunus Negócios Sociais, que garantiu ao economista Muhammad Yunus o Prêmio Nobel da Paz.

"Meu único pedido é que me citem ao receber o prêmio", brinca o estudioso brasileiro.


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