Folha de S. Paulo


Painel discute importância da mídia no debate político

A reinvenção da mídia e seu papel em uma época de transformações tecnológicas foram os principais assuntos do painel "Economia da mudança e o futuro do jornalismo", nesta sexta-feira (17), na conferência "Reinventando empresas com propósito", realizada pela Ashoka, parceira do Prêmio Empreendedor Social correalizado pela Folha e pela Fundação Schwab, em São Paulo.

O debate, mediado por Ricardo Anderáos, líder para a Mudança de Paradigma da América Latina da Ashoka, teve a participação de Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, Ronaldo Lemos, co-fundador do Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio e colunista da Folha, Leonardo Sakamoto, fundador do Repórter Brasil, e André Lahoz, editor-executivo da "Exame".

Os participantes discutiram as dificuldades enfrentadas pelo jornalismo profissional, tanto as estruturais como aquelas que surgiram com as redes sociais.

"O Facebook não é feito para debate político", disse Lemos. "O desafio é construir novos espaços para essas discussões na mídia tradicional e em outros espaços."

A função da imprensa no debate político virtual também foi abordada por Dávila. "O jornalismo tem um papel de curadoria. O leitor tem cada vez mais opções [para se informar]. Como confiar no que está lendo?", questionou.

Sakamoto concordou, afirmando que, apesar de a imprensa ter dificuldade em se especializar em determinados assuntos, "ainda tem um papel de validação da informação".

O editor-executivo da Folha também falou sobre a importância de expor o leitor ao contraditório.

"O jornalismo funciona como uma praça pública, com opiniões e pessoas de todos os tipos", disse, em contraponto à ideia de "condomínio fechado" das redes sociais, em que o usuário vê em sua página apenas o que vai ao encontro de suas ideias.

CENSURA 2.0

Essa ampla divulgação de debates e opiniões tem sido um problema para parlamentares, segundo Lemos. "Os novos representantes estão incomodados com a mídia e a internet. Pelo menos 25 projetos de lei estão tramitando como uma tentativa de controle", alertou Lemos.

Lahoz argumentou que seria difícil retroceder para um "ambiente de repressão".

Para o colunista da Folha, porém, o controle legislativo seria uma "censura 2.0, embarcada no sistema", pois existe um nível técnico nas discussões do Congresso.

"O que me preocupa é aquela censura que a gente não percebe."


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